Montevidéu - O presidente da Associação Ibero-americana de Ministérios Públicos (AIAMP), o brasileiro Rodrigo Janot, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (7/11), devido à polêmica gerada por sua proposta de entrada da França na organização. "Houve uma diferença de critérios com o presidente, e ele apresentou sua renúncia, que foi aceita", explicou o secretário-geral da associação, o costa-riquenho Jorge Chavarría, em coletiva de imprensa em Montevidéu.
Chavarría, que pelo estatuto exercerá a presidência interinamente, não deu mais detalhes e ressaltou que se trata de "um assunto interno da associação".
Sem participar da coletiva, Janot disse à AFP que se sentiu desautorizado por seus colegas na proposta de incorporar a França à associação, integrada por 21 ministérios públicos e procuradorias. "Eu convidei a França para entrar na AIAMP, porque a França é um país euro-americano. A maior fronteira terrestre da França é com o Brasil", disse Janot, referindo-se à Guiana Francesa.
"Nós temos 730 quilômetros de fronteira no norte do Brasil. Fronteira em que há problemas, tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas, exploração sexual, garimpo ilegal e muitos outros problemas. Temos de trabalhar em cooperação", justificou.
"Se os outros países (da associação) têm dúvidas sobre o convite que eu fiz, como presidente da instituição, eu me senti desautorizado. Agora, para facilitar o relacionamento dos ministérios públicos, é melhor que outro assuma a presidência", concluiu.
Apesar da controvérsia, a organização resolveu aceitar a França como membro observador e, na próxima assembleia, decidirá se é apropriada sua integração como membro permanente.