O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, defendeu nesta quinta-feira (6/11) a tese de que houve uma variação dentro da margem de erro e não um aumento do número de pessoas extremamente pobres no país. De acordo com informações do banco de dados público do Instituto de Pesquisa Ecônomica Aplicada (Ipea), a proporção de miseráveis no país cresceu de 3,6% em 2012 para 4% em 2013, o primeiro aumento após 10 anos de queda contínua do índice.
;A pobreza caiu, continua caindo e há uma variação em relação a extrema pobreza dentro da margem de erro estatística da pesquisa. Portanto, tem que se tomar cuidado;, afirmou. O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) usou ontem o mesmo argumento para sustentar a afirmação de que a miséria segue em queda no Brasil.
[SAIBAMAIS] Mercadante também disse que o MDS pediu ao Instituto Brasiliero de Geografia e Estatística (IBGE) uma análise ;mais cuidadosa; sobre os indicadores de renda na Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (Pnad). O estudo é a base de dados para as informações analisadas pelo Ipea que mostram o aumento no número de miseráveis no país. Segundo o ministro, apesar de aumentar o contingente de pessoas que declararam não ter renda, cresceu também o grupo de renda baixa com acesso a saneamento básico, com máquina de lavar roupa e ensino superior.
;Os indicadores de patrimônio não batem. O que pode ter acontecido é que são pessoas que não declararam a renda e não necessariamente que tem renda zero. Então, nós queremos que o IBGE analise com mais profundidade a amostra porque todos os outros índices mostram que a pobreza caiu. E que esse indicador de zero pode ter algum problema metodológico;, disse o ministro.
O Ipea decidiu adiar a divulgação dos dados com a justificativa de que feriria a Lei das Eleições. A decisão abriu uma crise interna no órgão e levou ao pedido de demissão de dois funcionários de seus cargos de chefia. O governo foi alvo de críticas de que teria interferido na postergação da divulgação dos números. As informações sobre a miséria são resultado da análise dos microdados da Pnad que estariam prontos desde setembro, mas só foram colocados no banco de dados público do instituto em 30 de outubro.