Os líderes da oposição decidiram na manhã desta terça-feira (23/9) entrar com pedidos de investigação em relação à denúncia de desvio de verba do Fundo de Combate à Pobreza pelo Instituto Brasil na Bahia. PSDB, DEM, PPS e Solidariedade se reuniram no gabinete do senador Agripino Maia (DEM-RN), onde decidiram encaminhar ofícios à Procuradoria Geral da República (PGR), Controladoria-Geral da República (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério da Justiça e Policia Federal, além de, internamente, entrarem com representação contra os acusados no Conselho de Ética.
De acordo com a denúncia da presidente do instituto, Dalva Sele Paiva, em entrevista à Revista Veja, a verba repassada pelo governo federal teria abastecido o caixa de campanha de diversos candidatos do PT, entre eles os deputados Afonso Florence (PT-BA) e Nelson Pellegrino (PT-BA), além do senador Walter Pinheiro (PT-BA) e do candidato do partido ao governo baiano, Rui Costa.
Agripino Maia informou que os líderes seguem da reunião direto para o gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para entregar o primeiro pedido de investigação. "Estamos indignados que o Fundo da Pobreza tenha sido usado em benefício eleitoral ou pessoal, incluindo um candidato ao governo no estado", afirmou o parlamentar. Para ele, a apuração deve avançar para identificar se outras unidades da federação usam do mesmo esquema. "Não temos segurança que isso acontece só na Bahia. É algo tão inaceitável que até pra nós é difícil acreditar que seja verdade", completou o líder do Democratas.
O líder do PSDB na câmara dos deputados, Antônio Imbassahy (BA), também classificou a denúncia como inacreditável. "Um partido usar o Fundo da Pobreza para campanha eleitoral é inacreditável. E quem diz isso é a presidente do instituto. Causa asco, nojo e deve ser dada uma explicação à população brasileira", enfatizou. Além do líder tucano e o demista, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), e o vice-líder do SDD na Câmara, Arthur Maia (RN), acompanham a entrega dos documentos.
A Organização Não Governamental foi criada em 2004, de acordo com a denúncia, já com a finalidade de desviar dinheiro do fundo. A entidade recebia os recursos para construção de moradias populares e outros projetos sociais, executava parte do acordo oficial e destinava grande parte para o financiamento de campanhas eleitorais. Segundo Dalva Sele Paiva, o instituto movimentou cerca de R$ 50 milhões desde 2004.
O Ministério Público investiga o caso desde 2010. De acordo com a reportagem, os investigadores identificaram o desaparecimento do dinheiro, mas não haviam esclarecido o destino dele.
Em nota, Walter Pinheiro acusa Dalva Sele de promover acusações "levianas" e "oportunistas". O senador também anunciou que pretende processar a empresária. "A fraude, assumida por ela e praticada contra o Estado, é de conhecimento da Justiça, a quem cabe aplicar com todo rigor a Lei. Dói ver alguém que se apresenta como se militante fosse, querendo na verdade, extrair vantagens para si e, não obtendo êxito, sai jogando lama na vida de todo mundo. Quanto às declarações e matérias veiculadas, já estou adotando as medidas judiciais cabíveis,; afirma Pinheiro.