Politica

Ex-soldado que atuou na Guerrilha do Araguaia visita centro de tortura

Manoel Messias Guido Ribeiro, 60 anos, deu detalhes à Comissão Nacional da Verdade (CNV) de como funcionava o local no período da guerrilha

Daniela Garcia
postado em 16/09/2014 09:14
Guido (E) e Dallari na Casa Azul: ex-soldado também foi torturado
Marabá (PA) ; Um ex-soldado que atuou pelas Forças Armadas na Guerrilha do Araguaia (1967-1974) reconheceu, na tarde dessa segunda-feira (15/9), a Casa Azul, imóvel do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) que funcionava como centro de tortura contra camponeses e militantes do PCdoB. Em missão oficial da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Manoel Messias Guido Ribeiro, 60 anos, deu detalhes do tratamento dispensado aos presos e contou como funcionava o local no período da guerrilha. Guido, hoje pastor evangélico, afirmou ainda que o tenente-coronel da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, e o ex-senador do PTB e ex-superintendentes da Polícia Federal Romeu Tuma, falecido em 2010, frequentavam a Casa Azul.

Recrutado pelo Exército aos 19 anos, Guido recordou ontem do temor que sentia toda vez trabalhava na Casa Azul. ;Eu pedia a Deus para não ser escalado no DNER.; O ex-soldado relatou ter sofrido torturas no local durante o treinamento militar. ;Éramos soldados cobaias. Faziam com a gente o mesmo que faziam com os presos: pau-de-arara, crucifixo aéreo, crucifixo terrestre. Eles me botaram amarrado em um tambor e me jogavam por uns 300 metros abaixo. Depois, eu não sabia mais quem era. Eles faziam isso para nos brutalizar, queriam tirar de nós a humanidade;, completou. Ele relatou também que foi ameaçado de morte por ter alimentado e dado de beber para os camponeses e guerrilheiros presos.



De acordo com a CNV, os agentes da repressão cometeram graves violações aos direitos humanos, como prisões ilegais e execuções de guerrilheiros e moradores locais, condenados como ;colaboradores;. Estima-se que pelo menos 70 dos desaparecidos políticos no Brasil tenham sido mortos por militares durante as ações de repressão no Araguaia.

A repórter viajou a convite da Comissão Nacional da Verdade


A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação