A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, rebateu, na tarde desta quinta-feira, 11, as críticas de que é inexperiente, lançadas pelo adversário Aécio Neves (PSDB). A ex-senadora disse que o candidato tucano se assemelha ao PT ao tentar desconstruir a imagem dela. "Ele (o Aécio) se perfilou ao PT fazendo a mesma forma de desconstrução. A pior desconstrução é a que parte do elogio falso. A pior forma de desconstrução é falar que ela é boazinha, mas é inexperiente. Porque é um preconceito contra a minha origem", afirmou.
Em entrevista ao jornal O Globo, Marina criticou Aécio e a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, porque os dois ainda não apresentaram o programa de governo. "(Querem) ganhar as eleições com o cheque em branco, e fazer o que quiserem. Eu sempre tive uma atitude contrária a esse tipo de coisa. Conheço muita gente séria que está muito incomodada com o que Aécio e a Dilma estão fazendo comigo. Esse incômodo já diz alguma coisa."
Ao citar a presidente Dilma, Marina diz que pretende governar de forma diferente da petista. "Para implementar esse programa, prefiro falar que vou sim conversar com Lula e Fernando Henrique. Não quero fazer uma campanha na mentira, no boato".
Avião
Marina também foi questionada a respeito da suspeita de que o avião usado pelo ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos - morto em 13 de agosto na queda da aeronave - teria sido pago por meio de empresas "laranjas". A candidata afirmou que está aguardando as investigações do Ministério Público para esclarecer as responsabilidades tanto dos empresários como de Campos. "Queremos a verdade que vem das investigações, doa a quem doer. Que o Ministério Público, seja quem for, investigue. Não queremos que ele (Eduardo) seja julgado ou morto duas vezes. Devemos ter uma postura de compromisso com a verdade. A nova política é você saber que às vezes tem que pagar um preço muito alto", respondeu.
"Vergonha alheia"
A candidata do PSB disse ainda que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, provoca "vergonha alheia" quando fala sobre assuntos relacionados à pasta que comanda. Um dos políticos mencionados no suposto esquema de propinas existente na Petrobrás denunciado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, Lobão foi usado como exemplo por Marina para fazer críticas ao governo atual.
[SAIBAMAIS]
Marina voltou a defender seu discurso de governar com os "bons" e criticou o método da presidente Dilma Rousseff para escolher as pastas de seu governo. "Passaram a esquecer as pessoas e a se dirigir apenas aos partidos", afirmou. "Querem continuar com essa estrutura, em que um diretor assalta os cofres da Petrobrás?", questionou, ao fazer referência as denúncias recentes feitas por Paulo Roberto Costa.
Marina insistiu os "bons" estão em todos os lugares e em todos os partidos, reforçando também seu argumento contra a polarização tradicional entre PT e PSDB. A candidata disse que sua proposta tem sido muito atacada e voltou a defender que ela é factível, apesar de partir de um sonho. "Eu sonho com uma governabilidade programática, não com uma governabilidade pragmática", afirmou. Em seguida, disse que hoje há quadros que causam vergonha, como o ministro Edison Lobão. "Temos um ministro de Energia que é vergonha alheia quando fala de energia", disse.