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Cerveró reafirma que compra de Pasadena não foi um mau negócio

Questionado a respeito da transferência de imóveis aos filhos, Cerveró disse que decidiu antecipar a herança e que a transferência de bens não está relacionada com o processo de investigação

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, reafirmou hoje (10) que a compra da Refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras não foi um mau negócio. De acordo com o ex-diretor, que depôs nesta quarta-feira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, Pasadena acabou sendo um empreendimento inconcluso e que perdeu valor quando a estatal redefiniu prioridades e concentrou os investimentos na exploração do pré-sal.

;O Projeto Pasadena não foi concluído e na época apresentava boas condições. Agora, não se pode analisar um projeto nove anos depois dele ter sido aprovado, sem considerar as mudanças no período;, disse.

Segundo Cerveró, o projeto original demandava US$ 1,1 bilhão em investimentos com taxa de retorno de investimento em 10,7%, mas, com o dobro de investimentos, a taxa de retorno poderia ser 18%. ;O projeto que foi aprovado, implicava uma modificação na refinaria. Não dá pra fazer uma avaliação agora, mas na época era um bom negócio;, reiterou.

Ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), a respeito do relatório e da suposta omissão das cláusulas Put Option e Marlim, Cerveró, que foi o autor do relatório que embasou a decisão do Conselho de Administração da Petrobras pela compra da refinaria, disse que foi feita uma confusão a respeito da importância dessas cláusulas e que o conselho tinha condições de decidir sem ter o conhecimento delas.

[SAIBAMAIS]

;Condições de aprovação havia. Pois o conselho estava validando o processo há mais de um ano e que se enquadrava no planejamento da Petrobras. As cláusulas citadas não são relevantes para a decisão ou não da aquisição de um negocio como a Refinaria de Pasadena;, disse.

A cláusula Marlim assegurava à Astra Oil, que era sócia da Petrobras no negócio, uma rentabilidade mínima de 6,9% ao ano, mesmo em condições adversas do mercado. Já a opção de venda - o Put Option - obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra Oil em caso de conflito entre os sócios.

Segundo Cerveró, essas cláusulas podem ser consideradas ;normais; e que a sua a omissão no resumo apresentado ao conselho ;é prática comum, desde que não apresentem impedimentos ao cumprimento do plano estratégico da empresa.; Ele afirmou, no entanto, que toda a documentação necessária foi enviada ao conselho de administração.

Ao final da reunião da comissão, o deputado Fernando Francischini (SD-PR) disse que o depoimento de Cerveró foi ensaiado. ;O seu Nestor Cerveró é [sic] o diretor da área de internacional, área que deixou de apresentar relatórios completos e que levaram a um prejuízo de mais de um bilhão de dólares aos cofres públicos;, disse.

Já o relator, disse que ia confrontar as informações prestadas com os documentos recebidos pela comissão. ;Por isso nós fomos mais contundentes e até mesmo porque temos mais informações e podemos confrontar dados e informações que a CPMI recebeu durante todo esse processo de investigação;, disse.

Questionado a respeito da transferência de imóveis aos filhos, Cerveró disse que decidiu antecipar a herança e que a transferência de bens não está relacionada com o processo de investigação que envolve a compra da Refinaria de Pasadena (EUA).

No final de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o bloqueio preventivo de bens de Cerveró, do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli, do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.

Nesta quarta-feira, a CPMI decidiu convocar Paulo Roberto Costa para depor. Desde 29 de agosto, o ex-diretor da Petrobras presta depoimentos à Polícia Federal (PF) em regime de delação premiada. Partes do depoimento de Costa à PF teriam vazado e publicadas na última edição da revista Veja, apontando nomes de diversos políticos que estariam envolvidos em esquemas de corrupção dentro da estatal. Costa também é suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro coordenado pelo doleiro Alberto Youssef.

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Aos parlamentares, Cerveró disse desconhecer qualquer participação direta de Costa nos acertos empresariais para a compra da Refinaria de Pasadena (EUA). Segundo ele, o ex-diretor apenas indicou outros funcionários da empresa para trabalhar na refinaria. ;Das negociações, o Paulo não participa. Apenas aprovou o negócio como membro do Conselho Administrativo da Petrobras. Ele não se envolveu;, disse Cerveró, que também disse desconhecer que tenha havido qualquer desvio de dinheiro na compra da refinaria nos Estados Unidos.

Para Maia, a participação de Costa na comissão será esclarecedora, ;O que tivemos até agora foram vazamento de informações. Ele poderá trazer informações verdadeiras que foram ditas durante a delação premiada;, disse.