Economistas ligados a Dilma Rousseff, a Marina Silva e a Aécio Neves deixaram de lado a formulação dos programas de governo e entraram de vez no debate eleitoral. Ao discursarem em um seminário para uma plateia de bancários da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) cada um defendeu qual seria o melhor modelo de desenvolvimento para o país.
De um lado, Mansueto Almeida, que contribui com a formulação do programa de governo de Aécio Neves, e Alexandre Rands, um dos analistas que auxilia Marina Silva, avaliaram que o Executivo deve seguir uma postura de menor intervenção na economia. Do outro, Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu que o Brasil é um dos poucos países que diminuiu a pobreza e as desigualdades sociais simultaneamente.
Para Almeida, uma vitória de um candidato a presidente da oposição levaria a uma forte entrada de dólares no país. Ele sugeriu que parte desse processo seria atrelado a nomeação de Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda. O economista também criticou as intervenções diárias no mercado de câmbio promovidas pelo Banco Central e desqualificou as teorias de que o PSDB só governaria para os ricos. "Quem era rico no governo FHC, continuou durante os mandatos de Lula e de Dilma", disse.
Rands, por sua vez, defendeu que o Banco Central deve ser autônomo e isso deve ser previsto em lei. Ele contou que estudou com o atual presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, e o classificou como um ótimo economista. "Mas ele não fez aquilo que ele sabe que deveria e sempre segue o que a presidente manda fazer", criticou.
Na opinião de Pochmann, conceder autonomia ao BC seria um retrocesso democrático. "O Brasil não tem maturidade democrática. É retirar do povo a decisão de como deve atuar o Banco Central", destacou. Ele ainda defendeu a criação de mais bancos públicos. E disse que há uma "forte névoa que aliena os analistas".
O presidente da Fundação Perseu Abramo ainda comentou que o governo do PT construiu uma base política que negou o neoliberalismo. Para ele, sem isso não há como governar a nação. "Fazer proposta de reformas sem base no Congresso é ventania. Somente o medo pode nos impedir de dar um passo mais ousado. Governar com Bornhausen e Heráclito Fortes não representa o novo", completou.