Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) negou que tenha qualquer sociedade com o doleiro Alberto Youssef ou que tenha feito algum negócio com ele, além da venda de um terreno em Camaçari. O deputado também rejeitou a tese de que mantinha uma relação próxima com o doleiro preso na Operação Lava-Jato da Polícia Federal. Segundo Argôlo, logo após as eleições de 2012, ele procurou Youssef para vender um terreno do irmão, que estava se separando. Ele disse que procurou o doleiro por saber dos interesses dele em investir na região Nordeste.
Na versão de Argôlo, todas as mensagens que tratavam de recebimento de verba estavam relacionadas ao pagamento do terreno. Ele disse que teve muitos problemas para receber e que até hoje o doleiro não terminou de pagar o imóvel, avaliado em R$ 375 mil. De todo montante, o parlamentar diz ter recebido algo em torno R$ 180 mil. Argôlo também negou qualquer relação com as empresas citadas nos autos da PF.
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O depoimento do deputado choca com as declarações da contadora Meire Bonfim da Silva Poza, que trabalhou para Youssef. Em 13 de julho, a contadora disse que o doleiro repassava verba para diversos políticos, mas citou apenas que um deles era Argôlo. Ela afirmou ainda que o parlamentar era sócio informal do doleiro na empresa Malga Engenharia.
[SAIBAMAIS]
O deputado da Bahia negou as acusações da contadora e a atacou. Argôlo contou que esteve com Meire uma única vez e que, após a prisão de Youssef, ela o procurou, mas ele não atendeu as ligações dela. O advogado do deputado a procurou e, segundo o Argôlo, ela disse que precisava resolver umas pendências e precisava de R$ 250 mil. "Ela ficou muito irritada comigo, por isso veio aqui e mirou em mim. Eu não tenho nenhuma relação com ela, não tinha porque atender seus chamados", se defendeu. O deputado também criticou o comportamento de Meire. Disse que quando a conheceu, Youssef lhe disse que queria demití-la por seu temperamento "tempestivo".
Ao fim do depoimento, instruído pelo advogado, Argôlo se negou a falar com a imprensa. Para o relator do processo, Marcos Rogério (PDT-RO), o depoimento do parlamentar serviu para trazer o contraditório. Na avaliação dele, Argôlo mostrou muita segurança para falar das ações na Bahia, mas foi inseguro ao falar da relação com Youssef em negócios de outros estados. "Vamos confrontar o depoimento para montar o relatório", disse. Rogério tem 10 dias, a contar de amanhã para finalizar o texto, que deverá ser votado até o próximo dia 24