A nova estratégia de ataque conjunto à ex-ministra ministra do Meio Ambiente é motivada por razões diferentes. Os tucanos querem conter o crescimento de Marina e evitar que ela, e não Aécio Neves (PSDB), chegue ao segundo turno. Já os petistas estão tensos porque os primeiros números divulgados mostram que Marina venceria Dilma Rousseff em um eventual segundo turno, encerrando a hegemonia do PT no Palácio do Planalto que já dura 12 anos.
Caixa dois
Os adversários de Marina também cobram explicações sobre o avião alugado pela campanha socialista e que matou Eduardo Campos. Desde sexta-feira, Aécio começou a dizer que ;homens públicos têm de estar preparados para dar explicações cobradas pela sociedade;. A Polícia Federal abriu investigação para apurar denúncias de que a aeronave teria sido paga por caixa dois empresarial ou do próprio PSB. Marina prometeu que a legenda daria explicações sobre o caso hoje.
Mas a candidata socialista é questionada por outras coisas, mais relacionadas ao aspecto político. Além da inexperiência administrativa ; foi ministra do Meio Ambiente por cinco anos e meio e senadora pelo PT ;, Marina é vista pelos seus contendores como alguém com estilo político desagregador, como seria comprovada pela própria trajetória dela.
[SAIBAMAIS]Em 2008, Marina deixou o cargo de ministra por divergências com a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Mangabeira Unger. Um ano depois, para concretizar o projeto de concorrer ao Planalto em 2010, ela deixou o PT e filiou-se ao PV. ;O que aconteceu? Marina perdeu a eleição e deixou o PV em 2011, alegando divergências internas com a cúpula do partido que a havia abrigado;, disse um parlamentar petista.
Marina tentou, sem sucesso, criar a Rede Sustentabilidade, mas teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ;Marina nem sequer conseguiu montar o próprio partido. Migrou para o PSB e, tão logo foi indicada candidata no lugar de Eduardo, todos os socialistas que ocupavam o comando de campanha pediram para sair;, completou o militante do PT.
A chegada da candidata do PSB também causa apreensão em experientes interlocutores do cenário nacional. Estrategistas da campanha de Aécio Neves (PSDB) afirmam que, se eleita, Marina não têm quadros técnicos e políticos para governar um país que atravessa um momento dramático na economia e tampouco base parlamentar para aprovar as mudanças na legislação brasileira.
Marina, que ontem fez campanha na Bienal do Livro, em São Paulo, admitiu que o momento será de responder aos ataques feitos pelos adversários. ;Essa é uma campanha na qual vamos ter que oferecer a outra face. Vamos oferecer a outra face e caminhar com sabedoria;, garantiu ela.
Colaboraram Juliana Cipriani e Grasielle Castro
;Essa é uma campanha na qual vamos ter que oferecer a outra face. Vamos oferecer a outra face e caminhar com sabedoria;
Marina Silva, candidata do PSB ao Planalto
;Quem vai governar é o PSDB com os seus aliados e, obviamente, com figuras qualificadas, sem partido e de outras forças políticas;
Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República
Alvo preferencial
Em ascensão nas pesquisas de intenção de voto, Marina Silva vira alvo de tucanos e petistas durante a corrida eleitoral. Confira alguns argumentos que serão usados contra Marina
Inexperiência administrativa
; A candidata do PSB já começou a ser questionada ao longo do fim de semana sobre o fato de nunca ter tido experiências como governante. Ela foi ministra por cinco anos e meio e senadora pelo PT
Falta de quadros para governar
; Tanto PSB quanto a Rede Sustentabilidade (que nem sequer foi criada) teriam poucos nomes técnicos e políticos para formular propostas ao país
Falta de sustentabilidade política
; O PSB tem uma coligação pequena. O discurso contra o formato político atual dificulta uma política de alianças que dê estabilidade parlamentar para que Marina implante as medidas que julgar necessárias
Avião suspeito
; O PSB está enrolado para explicar de quem é o jato que caiu em 13 de agosto, matando Eduardo Campos e outros integrantes da campanha do candidato socialista
Intransigência
; Marina é conhecida por ser pouco conciliadora. Durante o governo Lula, deixou a pasta após desavenças com Dilma Rousseff (ministra da Casa Civil) e Mangabeira Unger (ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos). Filiou-se ao PV e deixou o partido por discordância com a cúpula verde. Assim que foi confirmada como candidata do PSB, praticamente todo o comando de campanha socialista acabou substituído
Ambiguidade no discurso
; Marina ainda passa a impressão de não saber conciliar o discurso da sustentabilidade com o crescimento econômico. Adversários e empresários têm vivo na memória as críticas feitas por ela à construção de algumas rodovias e hidrelétricas do PAC
Discurso econômico básico
; A socialista não apontaria os meios para retomar o crescimento econômico, limitando-se a propor a retomada do tripé câmbio flutuante, meta de inflação e responsabilidade fiscal