Em discurso com promessas e ataques ao PT e ao PSDB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos foi lançado oficialmente, na manhã deste sábado (28/6), candidato do PSB à Presidência da República, em Brasília. Ao lado da ex-ministra Marina Silva, que será vice na chapa, Campos mostrou que adotará na campanha estratégia de se colocar como alternativa para o eleitor que não quer mais PT e PSDB à frente do Palácio do Planalto. ;(É preciso) romper com a velha lógica dominante, que se revezam no poder do Brasil ao longo desses 20 anos e tentam convencer o povo de que agora vão fazer diferente;, atacou.
Na convenção, antes do jogo do Brasil, Marina teve papel de destaque. A foto da ex-ministra de mãos dadas com Campos, no mesmo plano e com o mesmo tamanho do ex-governador, ilustrava o palco. O jingle da campanha, uma mistura de samba e rap apresentada no evento também a coloca em pé de igualdade com Campos: "Coragem para mudar, eu vou de Eduardo e Marina".
A ex-ministra discursou praticamente o mesmo tempo que Campos. De acordo com pesquisas internas do partido, quando Marina é apresentada como vice na chapa, as intenções de voto em Campos crescem. Antes do discurso de Campos e Marina, foi apresentado um vídeo com a trajetória dos dois. Sobre o ex-governador de Pernambuco, o locutor lembrou que ele foi ministro de Ciência e Tecnologia no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista aparece rapidamente no vídeo empossando Campos.
Agora, em lados opostos, o ex-governador acusa Lula de fazer parte do que chama de "velha política". No vídeo, Campos é relacionado ainda ao avô Miguel Arraes, falecido em 2005 e governador de Pernambuco por três vezes. Já Marina é ligada a Chico Mendes, ativista ambiental, assassinado em 1988, em meio à luta pela preservação da Amazônia.
Além de críticas aos adversários, Campos fez várias promessas, como a apresentação de um projeto de reforma tributária no primeiro ano de governo e o ingresso de todas as crianças e adolescentes na escola integral em quatro anos. O ex-governador fez discurso rápido, com pressa para encerrar a convenção antes do início do jogo do Brasil. Segundo os organizadores, a data foi marcada antes de a seleção seguir para as oitavas de final.
Campos tentou, ainda, se desvincular do adversário tucano, senador Aécio Neves (MG), com quem mantinha boas relações. Ele ironizou uma declaração de Aécio de que ;os partidos da base estão sugando o governo, mas depois irão para seu palanque;. ;Vamos acabar com esse suga suga. Sugam de um lado hoje, para depois sugar do outro lado. E tem gente que acha isso bem bonito. Isso é inaceitável;, disse.
Já a ex-ministra Marina Silva minimizou os desentendimentos entre seu grupo e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos por alianças locais. Ela negou que os dois tenham cogitado romper o acordo para chapa à Presidência da República.
Marina chamou a crise entre a Rede e o PSB como "aquele momento que vocês achavam que existia entre a gente". Ela brincou dizendo que o momento de quase rompimento foi quando um assessor colocou uma bandeja com a comida dela na frente de Eduardo.
"Então, ele disse: eu discuto tudo, coloco o que você quer no programa, mas comer a comida de a Marina nunca. A aliança acaba", brincou. Marina segue uma alimentação especial, muito restrita, por causa de doenças. Marina fez ainda vários elogios ao parceiro, numa tentativa de mostrar sintonia. A três semanas, ela criticou a decisão de Eduardo de apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.