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Manifestantes dão abraço simbólico na Petrobras e pedem punição

Em protesto grupo exigiu a punição de funcionários corruptos e defendeu a empresa

Representantes de entidades de trabalhadores ligadas à Petrobras e de movimentos sociais deram nesta quarta-feira (28/5) um abraço simbólico no edifício-sede da estatal, na Avenida Chile, centro do Rio de Janeiro, exigindo a punição de funcionários corruptos e defendendo a empresa que, nesses 60 anos de existência, ;tem desempenhado papel central no desenvolvimento do país;, de acordo com o manifesto distribuído durante o ato.

O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, manifestou, em entrevista à Agência Brasil, sua posição contrária à destruição do nome da Petrobras: ;Nós somos a favor de que se puna os culpados de delitos e irregularidades. Agora, desfazer da Petrobras, maior empresa nacional, não. A gente não pode permitir que pessoas usem política partidária e delitos ocorridos para denegrir a Petrobras. Isso se chama aproveitar delitos e tirar partido eleitoral, tentando sujar o nome de uma empresa como a Petrobras;.

Roberto Ribeiro, diretor da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), ressaltou que o abraço simbolizava o movimento de defesa do patrimônio da Petrobras, que pertence ao povo brasileiro. Ele disse que a FNP e o Sindipetro-RJ ;não vão compactuar com a corrupção, seja lá quem for o corrupto ; diretor, gerente, funcionário-, não importa em que escalão esteja, nem a que partido político pertença, porque nós queremos, de fato, que seja apurada toda denúncia que vem sendo veiculada na mídia;.

Ribeiro não tem dúvida, por se tratar de um ano eleitoral, que outras denúncias serão feitas até o final do ano, não só em relação à Petrobras, mas a outras empresas. ;O que nós queremos", acrescentou, "é que os fatos sejam apurados, e se ficar comprovada a culpa, que [o culpado] vá para a cadeia. O nosso objetivo aqui é a defesa da Petrobras e do patrimônio nacional. Queremos uma empresa pública, estatal, comandada pelos brasileiros, pelos trabalhadores;. Segundo informou a assessoria de imprensa da estatal, o sistema Petrobras fechou o ano passado com 86.111 empregados, sem computar trabalhadores terceirizados.

Para o diretor da Federação Nacional das Associações de Aposentados, Pensionistas e Anistiados do Sistema Petrobras e Petros (Fenaspe), Paulo Brandão, a empresa não pode ser atacada no lugar dos corruptos, ;que estão dentro da instituição;. Ele defende que se apure os fatos com rigor e se punam os culpados. ;Os que foram colocados dentro da empresa: corruptos e seus corruptores. O objetivo é livrar o Brasil da corrupção e defender a soberania nacional; é abraçar a Petrobras e mostrar ao povo que ela tem que ser defendida;, ressaltou.

O secretário-geral do Sindipetro-RJ e da FNP, Emanuel Cancella, reforçou que a vontade expressa dos milhares de trabalhadores petroleiros é que ;todos os corruptos dentro da Petrobras têm de ir para a cadeia;. Ele considerou estranho que a sociedade saiba o nome do ex-diretor acusado de corrupção (Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Área de Abastecimento da Petrobras), mas não saiba qual é o nome da empresa que o corrompeu. ;Nós não temos nenhum compromisso com os corruptos, mas queremos os corruptos e seus corruptores na cadeia;, sustentou.

Segundo Cancella, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) convocada às vésperas da eleição para apurar irregularidades na Petrobras ;é muito suspeita;, uma vez que a denúncia que motivou a CPI, envolvendo a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi feita há dois anos, pelo conselheiro eleito pelos trabalhadores para o Conselho de Administração da empresa, Silvio Sinedino, atual presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). Cancella salientou que a empresa, após 40 anos, voltou a construir refinarias, três das quais no Nordeste: Pernambuco, Maranhão e Ceará. ;É a Petrobras, mais uma vez, contribuindo para melhorar a renda e gerar emprego neste país;.

Silvio Sinedino está convencido que a convocação da CPI tem um fundo político-eleitoreiro porque, ;se isso tinha alguma relevância, tinha de ser tratado há dois anos;. Avaliou que tanto o governo como a direção da Petrobras não se pronunciaram à época porque ;deviam ter os seus motivos;. Em relação à oposição, indicou que ;ficou quietinha, esperta oportunisticamente, esperando chegar a eleição para ter um trunfo no bolso. Agora, sai como se fosse uma novidade;, criticou.
Sinedino disse que na época da compra de Pasadena, quando foi eleito pela primeira vez conselheiro da Petrobras, comentou-se entre os membros a existência de uma carta da estatal para a sócia belga [Astra] na refinaria, na qual a empresa brasileira propunha que faria sozinha a reforma daquela unidade. ;Isso passou no Conselho de Administração. Mas tinha uma segunda parte da carta que não passou pelo conselho e garantia para o sócio 6,9% de rentabilidade. Isso eu não garanto nem para minha mãe. Isso é um absurdo;.

A luta agora, de acordo com Sinedino, é para que essas irregularidades não se repitam, nem na Petrobras nem em qualquer outra empresa. Defende, portanto, que se averigue quem foram as pessoas que colocaram funcionários corruptos na Petrobras. ;Se Paulo Roberto [da Costa] é culpado, ele não está sozinho. Pode cavar que tem uma turma junto;, sentenciou.