Após quase quatro horas de apresentações orais dos relatores de 14 painéis sobre variados temas da agenda diplomática brasileira, o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado encerrou nesta quarta-feira (2/4) a série Diálogos sobre Política Externa. Promovida durante o mês de março com a participação de diversos setores do Poder Público e da sociedade civil, as discussões e relatórios produzidos pelos debatedores serão uma das principais fontes para a elaboração, pelo Itamaraty, do Livro Branco da Política Externa Brasileira.
;O Livro Branco será um documento de caráter público, que registrará e divulgará os princípios, as prioridades e as principais linhas de ação externa do Brasil;, explicou o ministro Figueiredo Machado, para quem os diálogos representam um processo de fortalecimento da transparência do Itamaraty e de seus canais de interação com o governo e com a sociedade. ;Tenho insistido que a política externa brasileira tem de ser cada vez mais ativa e inclusiva, precisamos ouvir mais a sociedade para ampliarmos nossa capacidade de formular, planejar e executar;.
Presente à cerimônia no Itamaraty, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Ricardo Ferraço, disse que a construção da política externa brasileira não é mais monopólio de diplomatas e políticos, pois frequenta a agenda diária dos brasileiros, que pressionam seus representantes no Congresso também nesta área. ;A população está muito atenta às questões relacionadas às escolhas e às definições da nossa política externa, por tudo que ela tem de capacidade de impactar o dia a dia, as perspectivas, as relações de oportunidade no nosso país e a forma como nosso país trabalha para se inserir cada vez mais em razão da sua importância;.
Nesse cenário de maior interesse da sociedade sobre os temas internacionais e a posição do país em relação a eles, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, considera que a série de diálogos inaugura ;uma nova prática na discussão da nossa política externa;, com uma saudável pluralidade de enfoques. ;Hoje, a diplomacia se torna um exercício mais complexo porque, diferentemente do passado, onde as transformações se davam em um ritmo mais lento, hoje nós temos mudanças absolutamente vertiginosas que fazem com que nosso pensamento e nossa capacidade de avaliação também tenham que evoluir;.
O secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Eduardo dos Santos, explicou que, nos 14 painéis apresentados, foram ouvidos 111 integrantes de órgãos públicos (incluindo 13 parlamentares), 72 acadêmicos, 16 jornalistas, 63 participantes do setor empresarial, 53 membros da sociedade civil, incluindo sindicatos e organizações não governamentais (ONGs), e três representantes de organizações internacionais.
;A diversidade dos setores que participaram nos painéis e o nível das intervenções apresentadas demonstraram o vivo interesse da sociedade no debate sobre a política externa brasileira;, avaliou o secretário-geral, acrescentando que foram cerca de 55 horas de debates abrangendo virtualmente a totalidade da agenda internacional do país.
Até o momento, 75 textos foram apresentados como resultado dos debates. Eles servirão de insumo para a elaboração do Livro Branco da Política Externa Brasileira, que deve ter sua primeira versão finalizada até o fim deste semestre, embora ainda dependa, entre outras coisas, de avaliação das divergências de opiniões apresentadas durante os debates em relação ao posicionamento do Estado brasileiro ante os desafios globais e regionais colocados.