Com várias reuniões previstas, terça-feira (1;/4) deve ser um dia decisivo no Congresso Nacional. Enquanto a oposição se reúne para tentar um acordo que viabilize de vez a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar denúncias envolvendo a Petrobras e quer manter ou engrossar o número de apoiadores à iniciativa, o PT concentra esforços para enfraquecer o movimento e tentar convencer senadores que assinaram o pedido de criação da CPI a voltar atrás.
[SAIBAMAIS];Estamos trabalhando na perspectiva de que a CPI não se instale. Vamos ver se é possível que pessoas que não estejam plenamente esclarecidas, quanto ao andamento das investigações que já acontecem, possam reavaliar o posicionamento;, disse à Agência Brasil o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Os líderes governistas estão empenhados em identificar que razões estão por trás das assinaturas de membros da base no pedido de investigação. ;O fato de alguém não assinar a CPI não quer dizer conveniência com a imunidade, as investigações mais sérias já estão em andamento;, reforçou Costa.
Paralelamente ao fato da instalação de uma comissão mista ou não se confirmar, na Câmara e no Senado o partido do governo está pronto, para pelo menos, ampliar a pauta para que também sejam apuradas denúncias envolvendo nomes ligados a outras legendas. ;Estou pensando muito em propor na segunda-feira (31/3) ou terça-feira à nossa base aliada para que a gente apoie a CPI, ampliando o seu objeto, com um adendo, para que possa também investigar a situação da Alstom no metrô de São Paulo;, adiantou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) na quinta-feira (27).
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), foi além e incluiu no rol citado pela ex-ministra da Casa Civil, denúncias envolvendo o Porto de Suape (PE) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). " Essa seria uma manobra aloprada que não tem qualquer respaldo no Regimento Interno (do Senado). É uma tentativa de não investigar a Petrobras, se quiserem fazer outra CPI, que façam", criticou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), acrescentando que não acredita que o presidente da Casa, Renan Calheiros vai avalizar essa possibilidade. De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa do Senado com base numa decisão do Supremo Tribunal Federal ; que, em 2007, permitiu a ampliação do objeto de investigação da CPI dos Correios - é possível estender o motivo da criação da comissão. Basta que os parlamentares recolham o número mínimo de assinaturas exigidas para uma CPI ; 27 senadores e 171 deputados - em um requerimento solicitando a ampliação do objeto.
Para o PT, a estratégia pode diluir qualquer resquício de caráter eleitoreiro nas investigações. A fala dos líderes do partido é a de que, diferentemente dos casos envolvendo a administração tucana, o governo admite a possibilidade de erros na condução de negócios da Petobras, como na aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, pela estatal brasileira, mas não aceita que o rótulo de corrupção seja atribuído aos episódios. Caso não consigam sequer a ampliação das investigações, o PT estuda criar uma outra comissão parlamentar de inquérito para tratar das denúncias envolvendo outras legendas. Diante dessa possibilidade, os parlamentares garantem que não é uma estratégia do troco, mas uma forma de ;passar o Brasil a limpo;.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) também é contra ampliação do escopo da CPI. " A Constituição é expressa quando diz que para criação de CPI precisa haver um fato determinado. Que relação tem o metrô de São Paulo e a Cemig, por exemplo, com a Petrobras? Desse jeito nós vamos poder investigar nessa CPI a invasão russa na Crimeia. Isso é pra enrolar, é pra dar em nada", afirmou. Taques disse ainda que se a base do governo propuser investigar outros casos uma comissão separada vai apoiar a investigação.