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Contaminações acidentais por transgênicos prejudicam comércio internacional

Entre 2009 e 2012, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação registrou um "salto no número de casos com 138 relatos"

Paris - As contaminações acidentais por transgênicos de cargas de alimentos, mesmo pequenas, aumentou nos últimos 10 anos e perturbam o comércio internacional, constata a FAO, que realizou a primeira pesquisa sobre o assunto, a pedido dos Estados membros.

Entre 2009 e 2012, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação registrou um "salto no número de casos com 138 relatos" de casos comparados aos 198 registrados entre 2002 e 2012. Resultado, "26 países bloquearam as importações" de produtos destinados ao consumo humano ou animal, em que foram encontrados vestígios de organismos geneticamente modificados, "a maioria dos incidentes envolveram linhaça, arroz, milho e mamão" , segundo a FAO.

Neste caso, a carga é devolvida ao remetente, os contratos são cancelados e as futuras negociações suspensas, avisa. Segundo a FAO, os traços de culturas geneticamente modificadas se misturam acidentalmente com as culturas de alimentos não-OGM durante a fase de produção, mas também durante o processamento, embalagem, armazenamento ou transporte, mesmo que, teoricamente, produtos transgênicos, especialmente os grãos, devam ser mantidos em tanques e recipientes separados.

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Na maioria das vezes, trata-se de "uma pequena quantidade" de OGM, mas esse conceito "não é definido nem quantificado por qualquer regulamentação internacional", lembra a FAO. Cabe a cada país aceitar ou não esses valores quando eles são detectados. Em alguns casos, se "o país de importação detecta qualquer organismo não autorizado, é legalmente obrigado a recusar o carregamento" - 55 países têm uma política de tolerância zero aos OGM em seu território.

Além disso, dos 75 países que cooperaram com a investigação da FAO, "37 responderam que tinham pouca ou nenhuma capacidade de detectar OGM", por falta de laboratórios e técnicos adequados. As cargas contaminadas são originárias principalmente dos Estados Unidos, Canadá e China, apesar desta última ter recusado repetidamente carregamentos de milho contaminado americano. Da mesma forma, em maio de 2013, o Japão se recusou em aceitar a entrega de trigo americano contaminado e cancelou diversos contratos, uma atitude seguida pela Coreia do Sul.

A FAO indica que "vários países" pediram à organização para facilitar o diálogo internacional sobre a questão. O organismo vai celebrar uma reunião de informação na próxima semana (20 e 21 de março) em sua sede em Roma. ach/emi/cb/thm/fw/mr