Jornal Correio Braziliense

Politica

Polícia prende ex-assessor pivô do escândalo 'Anões do Orçamento'

José Carlos Alves dos Santos, 71 anos, deve cumprir pena de dez anos e um mês de prisão por corrupção passiva

Conhecido como o delator do escândalo político ;Anões do Orçamento;, o ex-chefe da assessoria de orçamento do Senado Federal, José Carlos Alves dos Santos, 71 anos, foi preso por volta das 8h desta quinta-feira (13/3). A ação ocorreu em cumprimento a um mandado de prisão condenatória expedido pela Vara de Execuções Penais (VEP) de Brasília. Em 2002, José Carlos foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de corrupção passiva e sentenciado pela Justiça a dez anos e um mês de reclusão.



Anões no crime

O esquema criminoso, que foi testemunhado há 20 anos pelo Brasil, envolvia políticos que manipulavam emendas parlamentares. O objetivo era desviar dinheiro público por meio de entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de empreiteiras. O escândalo foi descoberto depois que José Carlos Alves, então assessor da comissão, foi preso como mandante do assassinato da própria mulher, Ana Elizabeth Lofrano, que havia ameaçado denunciar o esquema. Com a repercussão do caso, ele resolveu delatar o crime, comandado pelo ex-deputado João Alves. Para justificar o alto padrão de vida, este teria dado inclusive a desculpa de ganhar prêmios milionários na loteria, 56 vezes só em 1993.

Foi o primeiro escândalo político em que os parlamentares investigaram os próprios colegas na CPI do Orçamento. Na época houve boatos de que grandes nomes teriam sido retirados da lista de investigados. A culpa recaiu então apenas sobre o ;baixo clero;, nome que denomina deputados de menor expressão na Câmara. A denominação de "anões" era uma alusão à coincidência de serem os principais envolvidos homens de baixa estatura física.

João Alves morreu em novembro de 2004, aos 85 anos, vítima de um câncer pulmonar. Ele havia renunciado em março de 1994 para escapar da cassação e da perda de direitos políticos, mas não voltou a se candidatar. Na época, a CPI do Orçamento cassou os mandatos de seis deputados: Ibsen Pinheiro (RS), Carlos Benevides (CE), Fábio Raunheitti (RJ), Feres Nader (suplente, RJ), Raquel Cândido (RO) e José Geraldo Ribeiro (MG).