O anúncio de que a abertura não contará com discursos oficiais da autoridade máxima do país contraria uma tradição de Copas do Mundo, evento internacional em que o presidente da nação anfitriã tenta aproveitar ao máximo a visibilidade proporcionada (veja quadro). Remete também a um vexame recente protagonizado por Dilma e Blatter. Na cerimônia que deu início à Copa das Confederações, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, em 15 de junho do ano passado, a hostilidade da torcida começou antes mesmo de eles pegarem o microfone. Sentados na tribuna, foram alvo das primeiras vaias ao aparecerem nos telões da arena esportiva, com as seleções do Brasil e do Japão já enfileiradas no campo. Quando Blatter começou a discursar em português, o barulho de reprovação aumentou. O dirigente da Fifa tentou reverter a situação: ;Amigos do futebol, onde está o respeito, onde está o fair play?; Em vão.
Os gritos tornaram-se ainda mais altos, deixando a presidente visivelmente irritada. Ela se restringiu a ler a frase, prevista no roteiro, em que declarou aberta a Copa das Confederações no Brasil. A saia justa em campo, aliada aos protestos que tomaram as ruas do país, levaram Dilma a desmarcar o discurso previsto para a partida final dos jogos, em 30 de junho. Com a recusa do Palácio do Planalto em se manifestar oficialmente sobre as declarações feitas por Blatter ontem, fica a dúvida sobre se a decisão de eliminar pronunciamentos da abertura do Mundial foi anunciada antes da hora, atropelando o governo, ou se partiu da Fifa, de forma unilateral. Qualquer dos dois casos azeda ainda mais a relação entre as autoridades brasileiras e a entidade mundial do futebol. Questionada pela reportagem se a decisão de vetar os pronunciamentos era definitiva, a Fifa afirmou que não comentaria nada além do que Blatter havia declarado.
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