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Para coordenação do MST, conflito foi reação às provocações da polícia

Hoje, a presidente Dilma se reuniu com representantes do movimento, mas não chegou a conversar sobre a manifestação

O integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, minimizou nesta quinta-feira (13/2) o conflito entre os ativistas do movimento e a polícia na passeata que ocorreu na tarde de quarta-feira (12/2). De acordo com Alexandre, os ativistas reagiram ao tratamento de um grupo da polícia. "Não descemos com nenhum tipo de arma, como alguns noticiaram por aí. Nossa marcha foi muito pacífica, mas, infelizmente, houve uma provocação severa de um grupo de policiais, que parece que o governo local pode estar investigando. Me parece que o grupo que foi provocar a violência de ontem é um grupo insatisfeito com o governo", alegou.

[SAIBAMAIS]Na avaliação de Alexandre, a provocação foi muito forte. "Teve tiros de bala letal, bala de borracha, bomba de gás, spray de pimenta, inclusive aquela arma que dá choque. Está muito claro que houve provocação. A provocação aconteceu e o nosso povo reage porque ninguém é de ferro", disse. Segundo ele, 12 ativistas foram atingidos no confronto. "Mas estamos muito satisfeitos com os resultados do ponto de vista da mobilização", pontuou.



De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, a presidente Dilma Rousseff não chegou a conversar com os representantes do MST na reunião sobre a manifestação. "Mas é evidente que a presidente e o governo repudia toda e qualquer manifestação que não seja pacífica. Entendemos que o direito de reivindicar, mas com clima pacífico", completou. O ministro destacou que a própria coordenação do movimento barrou os excessos de alguns manifestantes. "Justamente por ser um movimento político, com uma pauta específica e disposição de dialogar com a instituição democrática do país", destacou.

Reivindicações

Em reunião com a presidente, os representantes do MST entregaram uma carta com as principais queixas com relação à reforma agrária. De acordo com Alexandre, o pleito do grupo é que o governo assente até o fim do ano as 100 mil famílias que estão nos acampamentos do MST. O governo, por outro lado, diz que a expectativa é assentar entre 30 mil e 35 mil famílias nesse período.

O ministro, entretanto, argumenta que os estudos são amplos e fazem com que o processo seja um pouco mais demorado. Por isso, segundo ele, seria irresponsabilidade dizer que vai atingir a meta proposta pelo MST em um ano. "Queremos qualidade com quantidade. É um processo que é mais demorado no início, mas depois deslancha. Ano passado foram 100 decretos, mais que a soma dos outros dois anos", exemplifica. "Visando o que a presidente Dilma Rousseff determina, eu quero assentar com qualidade", pontuou Vargas.

Para Alexandre, entretanto, é preciso que o governo reveja algumas medidas. "Se o MDA não tem capacidade, que o governo dê suporte para atender a meta", sugere. De acordo com ele, os níveis de concentração de terra no país são semelhantes aos verificados em 1929.