Berlim - Somália, Coreia do Norte e Afeganistão são os países onde a corrupção é mais percebida, enquanto Dinamarca e Nova Zelândia são os mais transparentes, segundo o índice anual da Transparência Internacional, no qual o Brasil aparece na 72; posição. A lista é elaborada com pesquisas de opinião com agentes econômicos, que avaliam a percepção da corrupção em 177 países. Quase 70% dos países da lista têm "sérios problemas", com funcionários dispostos a receber suborno. Nenhum Estado dos 177 citados recebeu pontuação máxima, de acordo com a ONG que tem sede em Berlim.
O Brasil permanece em situação estável na lista com a 72; posição, apesar dos recentes casos de corrupção política. "Apesar de ter caído apenas um ponto, o Brasil não deveria estar feliz com sua pontuação (42 em uma escala de 0 a 100). Não é suficiente ter o poderio econômico, se você não pode dar o exemplo com bom governo", afirmou Alexandro Salas, diretor para as Américas da Transparência Internacional.
Apesar de novas leis sobre o acesso à informação pública e outra que castiga penalmente as empresas por corrupção - e não apenas os indivíduos - "há a sensação de uma prática de corrupção muito extensa", explica o pesquisador mexicano, que pediu ao Brasil que comece a aplicar esta "grande infraestrutura" legal contra a corrupção. Dentro da América Latina, a Venezuela permanece como um dos países onde a corrupção é mais percebida (posição 160), enquanto Uruguai (19) e Chile (22) receberam as melhores notas da região.
O índice da Transparência Internacional, uma referência mundial, é uma maneira de medir não apenas a corrupção nos partidos políticos, mas também na polícia, justiça e administrações públicas. "A corrupção afeta os mais pobres. É evidente se você observa os últimos países da lista. E dentro destes países, os cidadãos mais pobres são os mais prejudicados", afirma à AFP Finn Heinrich, principal pesquisador do índice. Entre os países que registraram as maiores quedas em 2013 estão Síria, abalada por uma guerra civil, Líbia e Mali, que também passaram por conflitos militares nos últimos anos.
"A corrupção está muito relacionada com os países que estão em decomposição, como Líbia ou Síria", explica Heinrich. Este é o caso do Afeganistão, onde não aconteceram progressos substanciais, apesar dos esforços da Otan. "Os ocidentais não investiram apenas em segurança, mas também em medidas para fazer a lei ser respeitada. Mas a proporção de pessoas que pagam subornos continua sendo uma das maiores do mundo", relata o especialista. A Coreia do Norte é um caso de opacidade quase total, "uma sociedade totalitária totalmente fechada", nas palavras de Heinrich.
Dinamarca e Nova Zelândia, os mais transparentes
Alguns países pobres melhoraram consideravelmente na lista, como Mianmar, onde a junta militar no poder abriu as portas para um processo de mudança democrática nos últimos meses. Mas nenhum país está a salvo e todos "enfrentam a ameaça da corrupção em todos os níveis, de concessões de permissões locais até a aplicação de lei e normas", adverte Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional.
De acordo com a ONG, a própria natureza da corrupção (por definição ilegal e secreta) impede a medição de maneira empírica. Por isto, considera mais útil o índice de percepção, baseado em pesquisas de opinião reunidas por várias instituições internacionais como o Banco Mundial ou o Banco Africano de Desenvolvimento. O índice atribui uma nota de 0 a 100, na qual 0 significa um país com um setor público considerado muito corrupto e 100 a transparência total.
Em 2013, no entanto, "o panorama é preocupante", segundo a ONG, porque "enquanto alguns poucos países atuam corretamente, nenhum consegue a pontuação máxima e mais de dois terços ficaram abaixo dos 50 pontos". Iraque, Síria, Líbia, Sudão e Sudão do Sul, Chade, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Haiti, Turcomenistão, Uzbequistão e Iêmen estão entre os países com menor pontuação.
No topo da lista aparecem Dinamarca e Nova Zelândia, os países mais transparentes, seguidos de perto por Luxemburgo, Canadá, Austrália, Holanda e Suíça, a prova, de acordo com Labelle, de que "a transparência contribui para determinar responsabilidades e deter a corrupção".