Principal bandeira eleitoral da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Programa Mais Médicos ficará distante da meta de 600 mil profissionais em atuação no país em 2026 ; hoje são 400 mil. Mesmo que o governo consiga implementar as prometidas 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina até 2017, medida que sofre forte resistência das entidades de classe, o número de médicos que se aposentam e saem do mercado por ano não vai permitir alcançar a meta. Para atingir os 600 mil com base nas ações estipuladas pelo Ministério da Saúde, seria preciso importar mais de 60 mil estrangeiros. Ou dobrar o número de vagas oferecidas hoje nos cursos de medicina. Em vez das 11.447 prometidas pelo ministro Alexandre Padilha, deveriam ser pelo menos mais 18 mil para chegar às 36 mil necessárias.
As contas do governo não fecham porque nas estimativas feitas e divulgadas desde março, o Ministério da Saúde considerou, nos cálculos, apenas 2 mil profissionais que se aposentam e se retiram do mercado por ano, um quarto do total, conforme informações obtidas pelo Correio. Porém, nos últimos oito anos, o total que deixou a atividade é de 8,2 mil por ano, em média, conforme a Pesquisa Demografia Médica no Brasil de 2013, do Conselho Federal de Medicina (CFM). O número está em elevação desde então. Em 2011, último levantamento disponível, chegou a 10.169. O quantitativo de novos profissionais egressos de cursos de medicina no Brasil é de aproximadamente 15,9 mil por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com base no Censo Universitário de 2012. Já o total de aprovados no Revalida ; sistema de validação de diplomas de quem estuda no estrangeiro ; tem sido abaixo de 100 por ano. Com isso, apenas 16 mil médicos aproximadamente entram no mercado por ano com base no atual número de vagas dos cursos de graduação em medicina.
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