Jornal Correio Braziliense

Politica

Servidor terá acesso a ficha falsificada colhida pelo Solidariedade

Juíza eleitoral libera documentação da sigla para pessoas que afirmam ter tido a assinatura forjada

Em meio às suspeitas de que durante o processo de criação do partido, os eleitores relacionados nas listas que dizem não ter assinado qualquer ficha de apoio já começaram a ganhar na Justiça Eleitoral o direito de acesso à documentação. Ontem, a juíza da 14; Zona Eleitoral do Distrito Federal, Elisabeth Cristina Amarante, deferiu três pedidos de pessoas que querem certificar as assinaturas colhidas pela sigla. O entendimento da magistrada é de que se trata de um documento público e de livre acesso. Outros três pedidos semelhantes ainda serão analisados pela juíza do cartório eleitoral da Asa Norte.

[SAIBAMAIS]O Correio mostrou na última quinta-feira que, dos 589 nomes registrados naquela instância como apoiadores do Solidariedade, 525 são funcionários da Câmara, do Senado ou do Tribunal de Contas da União (TCU) (leia mais no Entenda o caso). A servidora do TCU Aldair Pereira Costa da Cunha afirmou que protocolará um requerimento hoje ou na segunda-feira solicitando acesso à listagem do Solidariedade. O nome dela aparece como apoiadora da nova sigla, oficializada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último dia 24. ;Isso é um crime grave. Quero conferir minha assinatura porque não assinei nada. Vou entrar com uma ação judicial. O sentimento dos servidores daqui do TCU é o mesmo. Várias pessoas estão surpresas em ver o nome envolvido nessa falsidade;, disse.



Em mensagem interna dirigida aos seus filiados, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do TCU (Sindilegis) informou que está colaborando com as investigações da Polícia Federal. A entidade negou que tenha disponibilizado a relação de seus filiados ao Solidariedade. O presidente do Sindilegis, Nilton Paixão, apontado por uma ala do PDT como um dos responsáveis pelo vazamento de dados dos filiados para preenchimento de fichas falsas de apoio, tem, porém, laços estreitos com a sigla formalizada. Em vídeo gravado durante evento do PSB em Brasília, a mestre de cerimônia do encontro chama-o para compor a mesa e o classifica como ;representante do Solidariedade;.

Entenda o caso
Rubrica de morto

O Correio revelou na última quinta-feira que uma das fichas de apoio do partido Solidariedade, cujo registro foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), certificada no Cartório Eleitoral da 14; Zona, na Asa Norte, foi ;assinada; por uma pessoa que já morreu. Trata-se do ex-servidor do Senado José Washington Chaves, falecido aos 82 anos, em agosto de 2006. A coleta de assinaturas do partido liderado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP) começou cinco anos depois, em novembro de 2011.

A reportagem mostrou que, dos 589 nomes registrados no cartório eleitoral da Asa Norte como apoiadores da nova sigla, 525 são funcionários da Câmara, do Senado ou do Tribunal de Contas da União (TCU). O número reforça o indício de que as fichas fraudadas podem ter saído do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do TCU (Sindilegis), fato negado pela entidade.

Um ato da primeira-secretaria do Senado de fevereiro de 2009 prova que José Washington Chaves morreu em 2006. No documento, a viúva, Marina Rodrigues Chaves, solicita o pagamento dos valores devidos e não recebidos em vida pelo marido referentes a parcelas adicionais. Apesar do falecimento, o título de eleitor do ex-servidor ainda consta como regular. Isso porque quando Chaves faleceu, ele tinha mais de 70 anos. Com essa idade, ele não era mais obrigado a votar, o que libera o órgão de dar baixa no sistema.

Além disso, várias pessoas que constam como apoiadoras do Solidaridade afirmam nunca terem assinado qualquer ficha. Em meio a essas supostas fraudes, na última quarta-feira, o PDT ingressou com um mandado de segurança para tentar anular o julgamento no TSE que confirmou o registro da nova sigla.


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