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'Espero que o povo nos respeite', diz médica cubana que desembarcou no DF

Na noite deste sábado (24/8), 176 médicos cubanos desembarcaram no Aeroporto Internacional de Brasília. Os profissionais chegam ao país pelo programa Mais Médicos, do Governo Federal.

A vinda dos cubanos tem sido alvo de críticas das associações médicas brasilieiras e até do Ministério Público do Trabalho, porque a remuneração de R$ 10 mil por mês será paga pelo Brasil à Organização Pan-Americana de Saúde, que repassará a quantia a Cuba. Por sua vez, o governo cubano repassará apenas uma parte do salário para os profissionais. Não foi divulgado quanto cada médico receberá.


Apesar da polêmica, os profissionais foram bem recebidos em Brasília. No aeroporto, um do Partido dos Trabalhadores (PT) e de ativistas gritaram "Cubanos, amigos, o Brasil está contigo" para os médicos. Antes de Brasília, 30 médicos desceram em Recife. Os que desembarcaram aqui receberão treinamento de três semanas, na Universidade de Brasília (UnB). Hoje, 206 profissionais chegaram ao Brasil, sendo que 60% são mulheres. No domingo (25/8), está prevista a chegada de mais profissionais, que devem ir para Fortaleza, Recife e Salvador. <--[if gte mso 10]> <[endif]-->

Os médicos saíram aos poucos da sala de embarque. Yaisel Perea, 32 anos, especialista em medicina geral e integral, contou que estudou durante seis anos e que a partir do 4; começou a trabalhar com famílias de Cuba. "Espero que o povo brasileiro nos respeite como respeitamos toda a população. Só queremos ajudar, disse. Ela foi recebida com um buquê de flores.

Os cubanos indicados pelo Ministério da Saúde para dar entrevista ressaltaram não estarem preocupados com a parcela que receberão dos R$ 10 mil mensais que o governo brasileiro desembolsará a Cuba por seus serviços. "Dinheiro para nós fica em segundo lugar, precisamos do dinheiro suficiente par ficarmos no Brasil. O resto vai para os hospitais, os medicamentos, para as pessoas que estão lá (em Cuba), as nossas famílias", afirmou Rodolfo García, médico há 26 anos. Ele ressaltou conhecer algumas partes do Brasil, como Amazonas, Tocantins e Pará.
Angelo Dominguez, médico que trabalha na região central de Cuba, explicou porque a questão salarial não seria uma preocupação para os profissionais. "Todos nós temos o salário garantido, o trabalho garantido quando voltarmos, para podermos colaborar com outros povos. Não ficamos preocupados (com salários). Viemos para cá por razões humanitárias, para trazer felicidade par quem precisa de saúde", afirmou Dominguez.

Sobre os rumores de que médicos cubanos poderão usar o programa brasileiro para desertar da ilha comandada pelo regime castrista, a médica Yaisel Perea mencionou sua experiência passada em acordos de cooperação firmados por Cuba com outros países. "Passei dois anos e quatro meses na Bolívia, trabalhando com uma população muito difícil. E voltei para Cuba. Fiquei até o final (do programa), retornando ao meu país com uma qualificação satisfatória", destaca.

Oscar Gonzalez Matinez, graduado há 23 anos em Cuba, diz considerar natural a polêmica envolvendo a chegada dos médicos cubanos. "Toda questão nova está sujeita a críticas", afirmou. Ele disse que espera contar com a colaboração dos colegas brasileiros, ajudando-os no atendimento à população mais carente. Os médicos ficarão hospedados em acomodações do Exército por três semanas, período em que passarão por um treinamento na Universidade de Brasília. Em seguida, serão enviados aos locais de trabalho -- periferias das grandes cidades e municípios do interior do país.

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