postado em 02/08/2013 19:07
Rio de Janeiro ; O secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta sexta-feira (2/8) que, se for comprovada a participação de policiais militares no desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, eles serão expulsos e levados à Justiça. ;[Se o inquérito apontar o envolvimento de militares], esses militares vão para a rua. Não há outra resposta a não ser rua. Além de serem apresentados à Justiça, para que respondam criminalmente;, declarou Beltrame, durante entrevista à imprensa para detalhar a ocupação da Favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocorrida no início da manhã.O secretário comentou a declaração da ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que disse hoje haver tendência de participação de policiais militares no sumiço de Amarildo. ;Eu respeito a opinião da ministra, mas o instrumento constitucional brasileiro para apurar esses fatos é o inquérito policial. Acho que não há que se antecipar juízo de valor. Qualquer coisa feita fora do inquérito policial é especulação e isso prejudica a todos nós.;
O pedreiro desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares, da casa dele na Rocinha, para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, no bairro de São Conrado, na zona sul do Rio.
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Beltrame também falou sobre as constatações feitas pela Polícia Civil de que duas câmeras de monitoramento da UPP não estavam funcionando no dia do desaparecimento de Amarildo e o fato de que dois equipamentos de GPS [Sistema Global de Posicionamento] das viaturas policiais estarem desligados.
;As questões do GPS e das câmeras serão carreadas para dentro das investigações e explicações terão de ser dadas. O que eu posso dizer à sociedade é que não haverá, por parte do estado, qualquer tipo de linha de investigação que não será exaurida. Nós temos que dar essa resposta, porque vai fazer com que a gente consiga maior legitimidade do nosso trabalho em relação à população. Não pode um fato desses macular um trabalho de seis anos que vem mudando índices de criminalidade e a vida das pessoas no estado.;
A discussão sobre a desmilitarização da Polícia Militar do Rio, como vem reivindicando parte da população durante as manifestações de rua, foi comentada pelo secretário que considera o debate sobre o assunto positivo. ;Desmilitarizar a Polícia Militar não significa, necessariamente, que vai melhorar a polícia. O que eu sou favorável é que se discuta isso, não há qualquer problema. Até porque isso foi sempre muito pouco discutido. São coisas que têm de ser amadurecidas. Pode ser resolvido mudando o regulamento da própria polícia. Tem que se discutir qual a melhor solução para a sociedade;, disse.
O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que também participou da entrevista, comemorou a ocupação policial da Favela da Mangueirinha, comparada por ele como "o Complexo do Alemão da Baixada Fluminense". Cardoso ressaltou, no entanto, a necessidade de também haver uma presença social na comunidade, com geração e distribuição de renda, substituindo o lucro gerado pelo tráfico de drogas.