Uma onda heterogênea de demandas se espalhou pelo Brasil, mas isso não significa que uma nova agenda política será moldada a partir dos questionamentos que emanam das ruas. Cientistas políticos ouvidos pelo Correio avaliam que as solicitações populares podem ser diluídas com o passar do tempo.
O professor de ciência política Lúcio Flávio de Almeida, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, avalia que existe um dissociamento grande dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo em relação ao clamor das ruas. ;O risco é isso ser diluído. Essas mobilizações já expressam um ressentimento. Tem uma nova agenda no Brasil. Se essa agenda será diluída ou levada a sério, é o que veremos;, afirmou.
O cientista político Rafael Cortez ressalta que a classe política precisa emitir uma resposta rápida à população. ;Existe um esgotamento das imagens dos partidos. Isso é evidente. O que sinto é que o avanço que o Brasil teve do ponto de vista econômico nos últimos anos não foi acompanhado pela qualidade dos serviços públicos. O passe livre foi apenas o gatilho;, avaliou.