Jornal Correio Braziliense

Politica

Morte e legado de Chávez dão o tom na campanha eleitoral venezuelana

Discurso de Nicolás Maduro e do oposicionista Henrique Capriles é baseado na emoção do momento que a Venezuela vive

Bogotá ; A morte recente de Hugo Chávez e seu legado têm dado o tom da campanha eleitoral na Venezuela. Conforme analistas consultados, o discurso dos principais candidatos ; Nicolás Maduro, presidente interino que tenta suceder Hugo Chávez, e o do oposicionista Henrique Capriles, atual governador de Miranda ; é baseado na emoção do momento que o país vive. A eleição presidencial será no dia 14 de abril.

Do lado governista, as homenagens ao presidente morto, o destino que será dado a seu corpo e a escolha de Maduro pelo próprio Chávez para sucedê-lo, são os recursos mais usados, nove dias após o anúncio do falecimento de Chávez.



Na frente oposicionista, Capriles tenta construir um discurso crítico. Na última sexta-feira (8/3), logo depois da posse de Maduro para o mandato provisório, o governador exigiu explicações sobre "fatos não esclarecidos; relativos à morte de Chávez e acusou o governo de mentir sobre a data do falecimento e de usar os funerais como ;ferramenta política;.

No embate que gira em torno da morte de Chávez, o sociólogo venezuelano Amalio Belmonte diz que Capriles está em desvantagem. ;Qualquer candidato que enfrentasse Maduro agora teria problemas. O sentimento de luto por Chávez é a força mais importante da situação agora.;

Segundo ele, mesmo que Maduro não tenha o carisma de Chávez, o governo conseguiu construir, até o momento, a ideia de que ele foi ungido por Chávez para continuar seu projeto. Nas ruas do país, isso é o que mais se escuta, tanto na fila dos que esperam para dar adeus ao presidente quanto nas propagandas políticas divulgadas.

Para Belmonte, Capriles enfrenta uma situação difícil. ;Se não saísse candidato, perderia espaço dentro da dividida oposição do país. Saindo, ele continua na luta, mas sabe que não tem chance.;

Já o analista político Alberto Araguibel ressalta que contra Capriles estão os resultados dos 14 anos de governo de Chávez. ;O projeto socialista de Chávez não morre com ele. A população sabe que, com outro candidato, o modelo criado pele chavismo, deixaria de ser o que é, não teria mais o foco baseado no bem-estar popular.;.

Belmonte, no entanto, discorda: ;É cedo para dizer que Maduro conseguirá manter a coesão que Chávez mantinha no governo e que não terá problemas na execução dos programas deixados por ele. A única coisa que podemos afirmar agora é que o luto por Chávez é a força dessa campanha.;