O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, abriu a sessão plenária, nesta segunda-feira (4/2), destinada a eleger seu sucessor, que comandará a Casa no biênio 2013-2014. Utilizando pela primeira vez sistema de votação eletrônica, os deputados também vão eleger os demais cargos da Mesa Diretora. Para o cargo de presidente, foram registrados quatro candidatos: deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES).
Logo após a abertura da sessão, os deputados fizeram uma homenagem às vítimas do incêndio em boate na cidade de Santa Maria (RS), que resultou na morte de 237 jovens. Em seguida, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) começou a discursar. Ela se emocionou ao falar da família. "A Casa deve ter seu olhar voltado para a rua", disse. A parlamentar também criticou a relação do Legislativo com o Executivo e o Judiciário. Reclamou ainda do PMDB, que não fez disputa interna para apontar candidato. Rose apelou para a consciência dos colegas e fez referência indireta a Henrique Alves: "Não é a palavra de um de nós que vai pesar". Ao final da fala, ela agradeceu à presença da mãe dela, que estava acompanhando a sessão no plenário.
Pela ordem de sorteio, Henrique Eduardo Alves foi o segundo a falar. Ele começou o discurso pedindo palmas a Marco Maia e elogiando os concorrentes. Reclamou do dossiê "apócrifo" contra ele, que foi distribuído antes de começar a sessão. Retrucou a crítica feita por Rose sobre a indicação do PMDB. "Meu partido se reuniu e me escolheu por quase unanimidade, faltando um voto". Em alto tom de voz, defendeu o Judiciário e o Executivo, mas destacou que o Legislativo "tem representantes eleitos pelo povo". O candidato foi aplaudido ao dizer que a Câmara é "a casa mais injustiçada dos poderes" e quando falou da apreciação de vetos e da distribuição de relatorias pelos partidos. Finalizou dizendo que quer honrar o parlamento. "Eu não quero um voto escondido, um voto por esperteza, um voto por imposição, um voto por conveniência. Minha história, minha vida, exige um voto de coerência". Assim como Rose de Freitas, Henrique lembrou o pai, ex-deputado Aloizio Alves.
Júlio Delgado (PSB-MG) foi o terceiro a falar em plenário. Começou parafraseando Carlos Drummond de Andrade, ao relatar sua trajetória política e se disse contra "candidatura única que inibe o debate". Ressaltou que a agenda da qual necessita a sociedade "não pode ser desviada por assuntos demagógicos e que correm o risco de já ter ficado no passado". Fez duras críticas às propostas de Henrique Alves e citou denúncias contra o adversário. "Nós não temos funcionário usando nossa emenda". "Entramos para disputar um jogo de cartas marcadas, mas eu não conheço o resultado das urnas antes de serem apuradas". E finalizou com a frase de Renato Russo: "Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo".
Último candidato a discursar, Chico Alencar (PSOL-RJ), disse que o parlamento, "e não só ele, mas os partidos políticos, estão mal". Ressaltou que o papel da Câmara é representar a população não é substituí-la. Criticou a adesão de partidos oposicionistas à campanha de Henrique. "Oposição avalizar o predomínio do PMDB é um perigo pra democracia". Assim como Rose de Freitas e Júlio Delgado, Chico Alencar também dispensou o tempo de discurso no plenário para atacar Renan Calheiros. O candidato diz divergir da frase do presidente eleito do Senado, na semana passada, quando disse que a ética não é um fim e pede o nome de quem votou nele. Lembrou sobre projetos parados, como o que está na Comissão de Finanças, que pede o fim do pagamento dos 14; e 15; salários, campanha que ganhou força depois que reportagens do Correio revelaram que os parlamentares não pagavam Imposto de Renda sobre os extras. O candidato prometeu, se eleito, acabar com as mordomias.
Denúncias
Enquanto o clima de eleição movimentava a entrada da Câmara, --com panfletagem de candidatos à presidência e até dos que concorrem a vagas de suplente --, cópias de um dossiê contra Henrique Alves circulava pelos gabinetes e pelo comitê de imprensa. Sem identificação, o documento reúne reproduções de reportagens com denúncias contra o parlamentar desde o começo do ano, além da cópia da sentença judicial, que o condena por improbidade administrativa. O candidato não comentou as denúncias.
Com informações da Agência Senado