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CPI do Cachoeira vai propor indiciamento de depoentes que se calarem

O código de silêncio firmado entre os integrantes da organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, será punido no relatório final da CPI que apura a ligação do contraventor com agentes públicos, políticos e empresários. Praticamente concluído e tratado com absoluto sigilo pelo relator Odair Cunha (PT-MG) e seus principais assessores, o documento vai sugerir o indiciamento de todos os integrantes da quadrilha que, munidos de habeas corpus, a exemplo de Cachoeira, ficaram calados durante os depoimentos. O calhamaço terá mais de mil páginas e só será apresentado em 20 de novembro. Membros da comissão revelaram ao Correio que o relatório pedirá o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em julho, do ex-vereador de Goiânia Wlademir Garcez, do dono da Delta, Fernando Cavendish, e de diretores da empresa envolvidos no escândalo.

As sugestões de indiciamento são diversas. Têm como base vários crimes previstos no Código Penal, a exemplo de formação de quadrilha, tráfico de influência, falsidade ideológica, fraude em licitações e lavagem de dinheiro. Mais da metade dos depoentes ficou calada. Os homens mais próximos a Cachoeira, justamente os que detinham mais informações sobre a atuação do grupo, a exemplo do sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, Jairo Martins, Gleyb Ferreira da Cruz, Lenine Araújo de Souza e José Olímpio de Queiroga Neto seguiram o mesmo caminho do chefe e silenciaram.