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Dilma abre exposição com seis telas do pintor italiano Caravaggio



Michelangelo Caravaggio nasceu em Milão, em 1571, e teve uma vida marcada por confusões. Certa vez, em uma briga, matou um nobre italiano, Ranuccio Tomassoni, e teve a cabeça pedida pelo papa. Passou o restante da vida fugindo. Morreu aos 38 anos, quando tentava retornar a Roma. Caravaggio é considerado o primeiro grande nome da pintura barroca, com imagens carregadas de dramaticidade e de contrastes entre luz e sombra.

As seis obras no Palácio do Planalto fazem parte da exposição ;Caravaggio e seus Seguidores;, que já passou por São Paulo e Belo Horizonte, e teve média diária de 30 mil visitantes. De Brasília, segue para Buenos Aires. Duas das telas ; Medusa Murtola e Retrato do Cardeal ; saíram da Itália pela primeira vez. Medusa Murtola, considerada a mais relevante da mostra, é um autorretrato de Caravaggio e pertence a um colecionador particular. Está avaliada em 55 milhões de euros.



Para abrigar os quadros, a área onde estão expostas no Planalto precisou passar por alguns ajustes. O Salão Leste teve de ser parcialmente vedado, para bloquear a intensa luz que entra pelas vidraças. A temperatura também é controlada para conservar as pinturas: não pode ficar abaixo de 19;C, nem acima de 21;C, e a umidade do ar deve ficar entre 50% e 55%.

Dilma exaltou o contraste entre o barroco e o maneirismo das obras de Caravaggio, e o modernismo arquitetônico do Palácio do Planalto, projetado por Oscar Niemeyer. ;Eu queria dizer que, para mim, é um momento especial porque nós estamos aqui, numa obra moderna, original, que é o Palácio do Planalto e, ao mesmo tempo, estamos recebendo seis telas de um dos maiores pintores;, disse a presidente. ;É um encantamento poder permitir que milhares de brasilienses que nasceram aqui ou que visitam essa cidade tenham acesso a essas seis obras.;

Confira o vídeo da exposição
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Para saber mais
Maneirismo e barroco

O maneirismo é um estilo artístico que surgiu na Europa do século XVI como uma contraposição ao estilo clássico que remontava à Antiguidade, predominante nas artes plásticas da época. Os maneiristas valorizavam mais a visão individual do próprio artista. O resultado era uma arte que amplificava de forma quase deturpada dos detalhes, as feições e os contrastes de iluminação. Alguns teóricos consideram o maneirismo um movimento de transição entre o renascimento e o barroco. Seu principal representante é o pintor cretense El Greco (1541-1614). O barroco é fruto desse movimento crítico dos princípios renascentistas. Rebuscado, exagerado, assimétrico e dramático, o estilo espelhou na literatura, nas artes plásticas, na música e na arquitetura o principal conflito dos anos seiscentos: o antropocentrismo (o homem no centro de tudo) do Renascimento em oposição ao teocentrismo (onde tudo gira em torno de Deus) da Idade Média. O barroco chegou ao Brasil com a colonização portuguesa e foi o estilo referencial da arte e da arquitetura do país até meados do século XIX.

Serviço
As seis telas de Caravaggio ficam expostas no Salão Leste do Palácio do Planalto de 6 a 14 de outubro, das 9h às 19h. A entrada é grátis. Os visitantes só precisam apresentar documento de identidade na entrada do palácio.