Um relatório da Polícia Federal elaborado a partir de apreensões em imóveis de aliados do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, mostra o bicheiro prometendo retaliações contra um delegado de polícia que comandou uma operação para reprimir a exploração de jogos de azar no interior de Goiás, além de detalhes da contabilidade da quadrilha. O documento revela ainda os indícios de manipulação dos resultados das máquinas caça-níqueis da organização criminosa e como funcionava o sistema de computador usado para controlar os ganhos vindos do jogo do bicho: só em quatro municípios de Goiás (Santo Antônio, Paraíso, Cristalina e Águas Lindas), o lucro bruto foi de mais de R$ 3 milhões em oito meses. Já em cidades do entorno de Brasília, informa a PF, a trupe de Cachoeira mantinha em funcionamento 256 %u201Cterminais%u201D no mês de julho de 2011.
A investigação traz um diálogo de 17 de janeiro do ano passado, quando Lenine de Araújo Souza, encarregado de controlar a exploração do jogo ilegal, informa a Cachoeira sobre uma operação policial na cidade goiana de Santo Antônio do Descoberto que provocou prejuízos à quadrilha e xinga o delegado que chefiou a ação. %u201CPrendeu as salinhas, as maquininhas, prendeu tudo. Bicho filho da p..., rapaz(...) É da última turma de concursados, passou no último concurso. Foi nomeado há oito meses.%u201D Cachoeira, então, pede ao comparsa o nome do policial e promete retaliação. %u201CEle é difícil, é? É de que classe? Ele é novo? (...) Me dá o nome dele certinho. Vou f... esse aí, viu%u201D, avisa Cachoeira. Lenine diz que o delegado em questão chama-se Cléber, mas não informa se pertence aos quadros da Polícia Civil ou Federal.