Após se defender de acusações feitas contra ele, o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Cláudio Monteiro, disse que nunca esteve pessoalmente ou manteve contato com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Nesta manhã de quinta-feira (28/6) ele é ouvido pelos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga o esquema criminoso comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele compareceu para depor amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que garantia direito ao silêncio, mas depois decidiu falar. Ele entregou à comissão um documento no qual abriu mão dos sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Respondendo as perguntas do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), ele disse que uma feijoada em Vicente Pires foi o único momento em que teve contato com o araponga de Cachoeira, Idalberto Mathias de Araújo, o Dadá. Segundo Monteiro, Dadá ofereceu a feijoada porque fazia parte de um projeto social chamado "Anjos do Handebol". Negou também que tenha feito ou recebido ligações do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido).
"Boneco de ventríloquo"
No tempo inicial de defesa, O ex-chefe de gabinete disse não ter encontrado nos autos das investigações da PF nenhuma gravação dele e disse estar aberto a qualquer apuração ao ressaltar que ninguém pode se "escudar em um cargo para impedir uma investigação". "Fiquei como boneco de ventríloquo", lamentou. Rebateu a acusação de que possuía um rádio-celular da Nextel para se comunicar com o grupo de Cachoeira. "Cadê o rádio? Cadê a propina? Cadê o tráfico de influencia? Cadê a facilitação na licitação?", questionou. "Essas são perguntas que mereço receber resposta. Preciso delas como preciso de oxigênio".
[SAIBAMAIS]Monteiro disse estar cercado de pessoas que querem promover vinganças pessoais. "Na escola diziam que na brincadeira valia tudo menos puxar cabelo, dedo no olho e xingar a mãe. No DF vale tudo", ironizou. Ele entregou um requerimento aceitando a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. "A princípio, por 10 anos, que é a praxe desta CPI, mas, se quiserem, pode ser por mais tempo". Além disso, disse que os filhos dele também oferecem a quebra do sigilo fiscal e telefônico. "Meus filhos estão oferecendo isso voluntariamente".
"O tempo é senhor da razão"
Ele fez um pedido de desculpas aos membros do Governo do Distrito Federal (GDF) e aos familiares pelo episódio "vexativo". "O tempo é senhor da razão. (...) Teremos oportunidade, na hora certa, no momento certo, de ter a verdade restabelecida", disse.
Frases pronunciadas na CPI pelo depoente Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT)
"Só deus sabe o quanto eu busquei energia para vir aqui e falar"
"Apesar dessa robustez toda de hoje, desse corpo em forma de barril, eu jogava futebol"
"Dignidade, esse é o maior bem que recebi dos meus pais"
"Na política do Distrito Federal, vale tudo: Xingar a mãe e enfiar o dedo no olho"
"Fala de terceiros não são provas, muito menos indícios. Não servem sequer para abrir um inquérito"
"Meu carro foi alvo de um aparelho de escuta. Dava a localização e acesso às conversas internas;
"Vim pra cá com um frio na barriga gigantesco"
"Solicitei uma investigação sobre todos meus atos"
"O único cidadão que encontrei da Delta foi o diretor Cláudio Abreu"
"Não tenho a pretensão de recuperar cargo nenhum. Quero recuperar o direito de andar pelas ruas"
Frases dos parlamentares ao depoente
"Se a verdade está ao seu lado, não teria motivo para o senhor sair do governo" Deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS)
"É preciso, para segurança de jornalistas, políticos e empresários, entender como funciona essa grampolândia no DF; Deputado Luiz Pitiman (PMDB)
"O senhor sai daqui de cabeça erguida. Demonstrou ser uma pessoa de bem. Não tenho perguntas a fazer" Deputado Carlos Sampaio (PSDB)
"Que negócio é esse de que tá tudo correto se no passado têm problemas?" Deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS)
"Depois dessa sessão, digo ao senhor: volte pro governo! Volte Cláudio Monteiro" Deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF)