A Comissão da Verdade, responsável pela investigação de crimes durante a ditadura militar no Brasil (período entre 1964 a 1985) decidiu requisitar acesso ao depoimento da presidente Dilma Rousseff, no qual ela relata torturas sofridas em Juiz de Fora, MG.
Os documentos que estão armazenados no Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG) foram divulgados ontem pelos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.
O depoimento de Dilma foi realizado em 2001, quando ainda era secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Ela narra sessões de tortura que envolveram eletrochoques, socos e chutes que chegaram a causar deformação na arcada dentária da presidente.
;Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu;, disse. Para passar a dor de dente, ela tomava Novalgina em gotas, de vez em quando, na prisão. ;Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz (o implacável capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi de São Paulo) completou o serviço com um soco, arrancando o dente;, completou Dilma.
[SAIBAMAIS]Vinte e dois bilhetes enviados por Gabriel, codinome de Ângelo Pezzuti, principal dirigente da Comando de Libertação Nacional (Colina) em Belo Horizonte, para Dilma foram a razão dos repetidos interrogatórios feitos em Juiz de Fora. Pezzuti pedia ajuda aos companheiros para fugir da prisão. Dilma contou em depoimento que não morava mais em Belo Horizonte quando os bilhetes foram enviados e não sabia dos planos de fuga. ;Talvez uma das coisas mais difíceis de você ser no interrogatório é inocente. Você não sabe nem do que se trata;.
Sobre os tempos de ditadura e perseguição política Dilma disse: ;As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim;.