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Em depoimento, Demóstenes nega envolvimento em esquema de jogos ilegais

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) negou, durante seu depoimento no Conselho de Ética do Senado nesta terça-feira (29/5), que tenha envolvimento com o esquema de exploração de jogos ilegais comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. "Eu queria dizer às senhoras e senhores que todas as autoridades que atuaram nesse inquérito disseram textualmente que eu não tenho nada a ver com jogo", disse.

O parlamentar usou um tom emocional para convencer os senadores de sua inocência nesta manhã e contou que está vivendo ;o pior momento; da vida dele. Disse que pretendeu até mesmo deixar o mandato por conta das provas levantadas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. "Muita coisa teve uma importância relevada e a grande maioria, a esmagadora maioria, não tem relevância ética e penal nenhuma", disse.

[SAIBAMAIS]Ao afirmar ter uma relação de amizade com o bicheiro Cachoeira, ele negou participação no esquema criminoso, alegando que os próprios autos da investigação da PF desmentem as acusações feitas contra ele e divulgadas amplamente pela imprensa. "Cachoeira se relacionava comigo e com cinco governadores", destacou. Ele leu vários trechos dos documentos da Operação Monte Carlo e de reportagens publicadas em jornais impressos e na internet que, nos últimos meses, relataram o grande esquema de Cachoeira.

Rádio sigiloso

Quanto ao uso do radio Nextel, Demóstenes disse que o aparelho era usado para a ;comodidade; dele, para conversar com amigos e familiares. ;Se era (um aparelho) sigiloso então por que foi grampeado?;, disse. ;Hoje é fácil eu verificar que foi um erro. Eu não imaginava a dimensão que isso teria. Não tinha como adivinhar que era utilizado para outras funcionalidades;, defendeu.

O senador ainda negou que o patrimônio dele teria quadruplicado nos últimos anos. Relatou a compra de um apartamento no valor de R$ 1,2 milhão, cuja entrada de R$ 400 mil teria sido dada por sua mulher. A outra parte, R$ 800 mil, seria financiada. "Eu só vou terminar de pagar quando tiver 80 anos", defendeu-se.

Tráfico de influência

Demóstenes disse ser apenas uma ;comemoração; a conversa que foi gravada entre ele e o bicheiro, que revelava que o senador teria trabalhado junto com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para levar à máxima corte do país uma ação bilionária envolvendo a Companhia Energética de Goiás (Celg). ;Esse diálogo não quer dizer absolutamente nada. Era uma questão de interesse do estado de Goiás, uma demanda entre o estado e União. Não tem interesse privado de quem quer que seja;.

Ao enfatizar que as reportagens da Folha de São Paulo e do Correio Braziliense apontavam a relação dele com a empresa Delta, Demóstenes Torres negou ter feito lobby em favor da Delta. ;Não posso ser responsável pelo o que os outros dizem de mim;.

O jatinho da discórdia

Demóstenes também negou que tenha viajado a Berlim com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes com despesas pagas pelo contraventor. ;É preciso dizer o seguinte: utilizei aviões de diversas pessoas no estado de Goiás, não do Cachoeira, porque ele não tinha avião. Não utilizei isso em troca do meu mandado parlamentar;.