Goiânia ; Procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres quer se desvincular de quem, até então, era sua fonte de inspiração: o irmão mais velho, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Diante das suspeitas de que o parlamentar usava o parentesco com a autoridade máxima do Ministério Público estadual para atender aos interesses do contraventor Carlos Augusto Cachoeira, Benedito tenta provar que os tentáculos da organização criminosa chefiada pelo bicheiro estão distantes de seu gabinete. Em entrevista ao Correio, ele se contradisse duas vezes: sobre a última vez que falou com Demóstenes e a respeito da data em que soube das gravações telefônicas em que era citado. Abatido, negou as acusações e afirmou que nem sequer sabia do vínculo entre o irmão e Cachoeira.
Correio - O senhor é citado emdiversos telefonemas entre Carlinhos Cachoeira e o irmão do senhor, o senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO).
Benedito Torres - Fiquei muito indignado com a irresponsabilidade do Demóstenes. Estive em Brasília na semana passada, ou retrasada, não sei a data certa, quando soube que meu nome e o do MP estavam colocados de maneira indevida. Em decorrência disso, conversei com ele e falei que não voltaria mais ali para conversar.
Correio - Então, o senhor teve acesso às interceptações telefônicas antes da publicação na imprensa, como revelou o Correio no último sábado?
Benedito Torres - Não, eu soube pelos jornais. Jamais conversei com o senhor Carlos Cachoeira, minhas conversas eram com o senador Demóstenes, e eu jamais pediria qualquer coisa a um promotor de Justiça. O procurador não manda no promotor. E todos os casos citados (em que Cachoeira pedia a intervenção de Demóstenes) tiveram decisões contrárias às supostas pretensões de Cachoeira.
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