O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ontem a quebra do sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) referente a um período de dois anos. O parlamentar será investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto envolvimento com irregularidades cometidas pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso há três semanas durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF). Relator do caso, Lewandowski autorizou a abertura do inquérito, atendendo a solicitação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O ministro também deferiu o pedido para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), remeta a relação de emendas ao Orçamento da União apresentadas por Demóstenes. Segundo Gurgel, o objetivo da PGR é verificar se o dinheiro citado em grampos feitos pela PF passou pelas contas do senador.
Além de ordenar que o Banco Central envie ao procurador-geral informações relativas às movimentações financeiras do parlamentar, o ministro do STF determinou que órgãos públicos encaminhem a PGR a cópia de contratos celebrados com empresas citadas nos diálogos interceptados entre Cachoeira e Demóstenes. O ministro também requisitou à PF a degravação de 19 diálogos telefônicos que só aparecem em áudio. Lewandowski, porém, rejeitou o pedido do procurador para que Demóstenes seja interrogado. Ainda requisitou mais informações de Gurgel sobre o pedido de desmembramento do inquérito. O ministro do STF autorizou também que Demóstenes tenha acesso aos autos do inquérito, mas negou igual pedido feito pelo DEM, pela imprensa e pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT).