A oposição no Congresso Nacional mudou a estratégia para tentar instalar uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) a fim de investigar as denúncias de corrupção e desvio de verbas na área da saúde. Após uma reunião entre os senadores e deputados do DEM, PPS e PSDB no início da tarde de hoje, os oposicionistas decidiram mudar o requerimento de criação da CPMI.
Antes, eles coletavam assinaturas para instalar uma CPI que investigasse a saúde pública de maneira ampla. Agora, querem uma comissão de inquérito que irá investigar precisamente as denúncias veiculadas em reportagem da TV Globo na qual empresários oferecem negociam fraudes em contratos com o hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), assim os parlamentares de oposição esperam conseguir as 27 assinaturas de senadores e 171 de deputados para instalar a CPMI. Para alcançar o número necessário, eles contam principalmente com a adesão do PR. Os senadores do partido decidiram fazer oposição ao governo depois que perdeu definitivamente o Ministério dos Transportes. Os deputados da legenda, no entanto, ainda não definiram posição.
;De manhã falei com o [presidente do PR, senador] Alfredo Nascimento [AM] e com o [líder do partido no Senado] Blairo Maggi [MT], e eles ficaram de reunir os sete [senadores da bancada] e dar uma resposta;, disse Dias.
Por enquanto, apesar das declarações de que irão para a oposição, os parlamentares do PR ainda não aderiram ao requerimento de criação da CPMI. Uma reunião entre os senadores do partido está marcada para esta quinta-feira (22/3), quando irão avaliar se assinam o documento. Para o senador Magno Malta (PR-ES), o partido não pode ;agir como uma criança mimada; porque perdeu o Ministério dos Transportes.
;O PR não pode ser menino imaturo e fazer biquinho. Nós não temos que fazer birra porque perdemos o ministério. Somos homens e mulheres com formação;, disse. ;Eu não recebi 1,5 milhão de votos para vir aqui fazer graça para ninguém. Temos que fazer uma oposição crítica;, completou o senador.
Para o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), as denúncias veiculadas mostram empresários do setor privado praticando corrupção ativa e não justificam a instalação de uma CPMI porque não envolvem funcionários públicos. Na opinião dele, o governo tomou as medidas que cabiam para que o assunto fosse investigado.
;Ali é corrupção ativa. Não se trata de corrupção passiva. É uma tentativa de corrupção ativa por setores que pouco enobrecem a iniciativa privada brasileira. Ato seguinte, o governo tomou todas as medidas: Polícia Federal, Controladoria-Geral da União, anulação e suspensão de contratos, abertura de inquéritos administrativos. A criação de uma CPI é tentar politizar algo que não é político;, declarou o líder.