A boa vontade da indústria de carnes com o diretor do Dipoa rendeu frutos para o setor. No fim do ano passado, notas técnicas do departamento do Ministério da Agricultura deram origem a instruções normativas que alteraram o beneficiamento de carnes. Com isso, produtores foram favorecidos em detrimento dos consumidores. Desde 8 de dezembro de 2011, os frigoríficos estão autorizados a acrescentar 1,5% de colágeno e 2,5% de soja na composição da linguiça toscana e 1,5% de colágeno no salame produzido no Brasil.
De acordo com o professor emérito da Universidade Federal Fluminense Elmo Rampini de Souza, especialista da área de tecnologia e inspeção da carne, a adição de colágeno ; considerado um subproduto ; e da soja lesa o consumidor e o procedimento não deveria ser adotado em alimentos crus, como a linguiça. ;A origem do colágeno é o tecido conjuntivo. Salames são produtos nobres, é um produto cru, não deveria ser utilizado tecido conjuntivo em produtos crus, pois reduz a qualidade do produto. Quanto mais colágeno, quanto mais soja, menor a qualidade do produto. Se o colágeno e a soja tivessem o mesmo preço da carne, a indústria colocaria? As empresas querem colocar porque é mais barato;, afirma o professor da UFF.
A assessoria do Ministério da Agricultura informou ao Correio que a autorização do uso de colágeno e soja na linguiça toscana e de colágeno no salame se deu ;mediante solicitação formal do fabricante; e que a instrução normativa que permite a composição das carnes foi admitida após ;diversas instâncias técnicas; e ;estudos específicos das áreas técnicas sobre vantagens desses ingredientes para os consumidores em aspectos nutricionais;. Ainda de acordo com o ministério, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou os procedimentos e a utilização de colágeno na linguiça e no salame representa uma melhoria nutricional. ;A utilização da proteína de colágeno implica em diminuição de teores de gordura e é considerada como uma melhoria nutricional no produto final para o consumidor.; As instruções normativas não falam em substituição da gordura por colágeno, apenas autorizam a utilização do tecido conjuntivo na constituição dos embutidos.
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