No Senado, 2012 deve começar como terminou 2011, com discussões acaloradas em torno das denúncias contra o governo. O senador José Agripino Maia (DEM-RN) promete reaquecer as acusações que tiveram como alvo os ministros da presidente Dilma Rousseff. ;É dever da oposição pedir todos os esclarecimentos dos temas que foram objeto de denúncia durante o recesso parlamentar. São questões de fundamental importância;, adiantou o senador, dando o tom que pretende empregar nas primeiras sessões do ano.
Os oposicionistas, porém, vão continuar esbarrando na inferioridade numérica para impor derrotas na Casa. ;Acompanhamos sucessivos escândalos serem abafados pelo governo. As consequências seriam outras se conseguíssemos instalar CPIs. Se tivermos condições de motivar o andamento das grande reformas, como a política e a tributária, já promoveremos um grande avanço;, concluiu o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR). A ameaça de jogar luz sobre casos que geraram profundos desgastes nos últimos meses foi minimizada pelo líder governista, senador Romero Jucá (PMDB-RR): ;São casos superados, as explicações já foram dadas;.
Os embates não vão girar em torno somente das denúncias. Alguns temas delicados estarão na pauta do Senado, já no primeiro semestre. O primeiro deles é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n; 20/99, que trata da redução da maioridade penal. Embora a tendência seja de que os partidos liberem suas bancadas na votação, a maioria dos integrantes da oposição é favorável e dos governistas, contrários à medida. A reforma administrativa da Casa também ganhará destaque no período pós-recesso parlamentar, assim como as negociações para a criação do fundo de previdência do funcionalismo público, que garantirá um complemento às aposentadorias dos servidores.
Gargalos
Como haverá eleições municipais em outubro, o ano será curto para que se chegue a consensos sobre tantos temas considerados fundamentais. Se não bastasse o que já consta na pauta do Senado, há abacaxis que chegarão depois de passarem pelos deputados. Dois dos mais amargos são o projeto que altera o modelo de divisão dos royalties do petróleo e a Lei Geral da Copa. Este último deverá ser o maior ponto de discordância na Casa.
;Nosso posicionamento é aprovar o acordo que está sendo feito na Câmara, aceitando alguns pontos propostos pela Fifa e rejeitando outros. Acredito que a Câmara terá ajustado uns 90% do necessário. A bola vai chegar para nós mais redonda;, comparou, em tom otimista, Jucá. ;Vamos ver como o projeto chegará aqui. Uma coisa é certa: não podemos aceitar mudanças na legislação vigente motivadas por um evento que vai durar alguns dias;, defende Alvaro Dias.