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Kassab entrega medalhas ao mesmo tempo em que negocia seu apoio à sucessão

São Paulo ; A cerimônia de entrega da Medalha 25 de janeiro, em comemoração ao aniversário de 458 anos da cidade de São Paulo, foi uma medida fiel do termômetro da disputa municipal pela prefeitura paulistana, marcada para outubro. Dentro do auditório da prefeitura, estavam representantes dos três partidos que vão protagonizar a corrida ; PT, PMDB e PSDB ;, entre eles a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Todos devidamente homenageados pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), que, não por acaso, negocia o apoio pessedista com as três legendas. Do lado de fora da sede da prefeitura de São Paulo, manifestantes de movimentos sociais em confronto com a polícia protestavam contra a operação na favela do Pinheirinho e na Cracolândia.



O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, explicou que o ato ; criado por ele próprio há dois anos ; serve para homenagear governantes e ex-governantes que administraram cidades, estados e o país ;pensando naqueles que mais precisam;. O clima de festa planejado pelo prefeito para barganhar apoio à sua sucessão, no entanto, não foi compartilhado pela população. Kassab teve de ser escoltado para livrar-se de uma chuva de ovos, enquanto uma bomba de gás lacrimogêneo explodia próximo à Igreja da Sé, no centro da capital paulista. Cartazes com o rosto do governador Geraldo Alckmin pintados com o bigode de Hitler também davam o tom da manifestação.

Dilma chegou de helicóptero e não presenciou a confusão. Na sala reservada para as autoridades, ficou explícita, mais uma vez, a parceria entre o governo federal e o paulista, e a afinidade entre Dilma e o ex-presidente FHC. Os dois conversaram longamente e Dilma deixou escapar um ;claro, podemos conversar sim; sem que os presentes pudessem identificar o teor do papo. Com Alckmin, o mesmo ar de cumplicidade.



O clima só ficou um pouco mais tenso quando José Serra apareceu. Dilma cumprimentou-o formalmente e, de maneira gelada, o ex-governador paulista e FHC trocaram um aperto de mãos protocolar. Foi o primeiro encontro entre os tucanos depois da publicação da entrevista de Fernando Henrique à revista The Economist, em que ele apontou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como ;candidato natural do PSDB em 2014; e responsabilizou Serra pela derrota em 2010, por não ;agregar aliados;. Homenageado por Kassab há dois anos, o ex-governador não estava no palco principal. Permaneceu em uma das cadeiras localizadas na primeira fileira do auditório.

Arestas tucanas

Em seu discurso após receber a medalha, Fernando Henrique, com seu humor ferino típico, deu uma nova estocada nos tucanos. ;Gostaria de agradecer ao prefeito Kassab pela homenagem, um sinal de que não se esquece dos amigos, mesmo quando eles estão velhinhos;, disse o autointitulado paulista-carioca, que completou recentemente 80 anos. As palavras foram encaradas como uma crítica tanto a Serra quanto a Alckmin. Durante as campanhas presidenciais de 2002, 2006 e 2010, os candidatos tucanos esconderam o legado do PSDB no governo federal e perderam as disputas para Lula e Dilma.

Dilma também deu seu recado de afinidade com a gestão estadual, ao elogiar São Paulo e dizer que, assim como Caetano Veloso, também fica perplexa ao cruzar a Ipiranga e a Avenida São João. Citou Roberto Pompeu de Toledo, ao dizer que esse cruzamento simbolizava a ;impermanência;. Para ela, é ainda mais do que isso. ;É a esperança de que um dia o Brasil será do tamanho de São Paulo, do tamanho da cidade onde nasceu a modernidade e que sempre é capaz de gerar riqueza, trabalho e cultura;, elogiou a presidente.

STF confirma desocupação no Pinheirinho


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, negou ontem um mandado de segurança da Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais de São José dos Campos (SP) que pedia a suspensão imediata da desocupação da área do Pinheirinho. No último domingo, o terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados, ocupado há oito anos, foi palco de um conflito entre a polícia e os moradores do local. Ao analisar o pedido, Peluso afirmou que o mandado de segurança é um instrumento incabível nesse caso, uma vez que a decisão da 6; Vara Cível de São José dos Campos, que determinou a desocupação da área, ainda é passível de recurso na própria Justiça paulista.