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Politica

Sobe para 200 a quantidade de caribenhos impedidos de entrar no Brasil


Se agravou a situação dos haitianos na fronteira do Brasil com o Peru, onde quase 200 imigrantes tentam cruzar a fronteira à procura de trabalho ; na semana passada, eram cerca de 100. Eles estão proibidos, pela Polícia Federal, de passar a ponte binacional sobre o Rio Acre ; que divide os dois países ; e impedidos de circularem pela cidade peruana de Iñapari, onde se encontram atualmente. Os estrangeiros estão restritos a duas áreas fornecidas pela Igreja Católica. Ontem, a União liberou R$ 1,3 milhão para que o governo do Acre ajude os imigrantes com alimentação e atendimento médico. Outras 600 pessoas ainda estão em Brasileia (AC), também na fronteira, aguardando a legalização de suas situações.

Há uma semana, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) aprovou uma resolução do governo, que passou a exigir o visto de trabalho para haitianos que desejam ingressar no Brasil, mesmo que não tenham emprego garantido. A medida foi uma forma de impedir a entrada maciça de estrangeiros do país caribenho, como vinha ocorrendo com frequência nas divisas do Acre e do Amazonas com Peru e Bolívia. Desde 2010, quando ocorreu o terremoto que arrasou Porto Príncipe, cerca de 4 mil imigrantes haitianos entraram em território brasileiro em busca de empregos, principalmente na construção civil.

Mas as medidas adotadas pelo governo brasileiro não intimidaram a imigração. No sábado, cerca de 100 haitianos chegaram a Iñapari em direção a Brasileia para tentar a legalização e se deslocar para outras partes do país em busca de emprego. ;Hoje, já são cerca de 200 pessoas que não podem sair de onde estão no lado peruano;, conta Edmilson Lopes Pereira Júnior, secretário de Planejamento do município de Assis Brasil (AC). ;A situação do outro lado (no Peru) está difícil, já que eles não podem sair de dois espaços cedidos pela igreja;, conta o secretário.

Temendo que a situação se agrave, ontem houve uma reunião emergencial entre representantes da Secretaria Estadual de Justiça e dos Direitos Humanos e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com autoridades peruanas. O Brasil se dispôs a fornecer alimentação aos imigrantes se houver uma contrapartida do governo local. ;Muitas das pessoas que estão do outro lado da fronteira justificam que possuem irmãos, pais ou filhos que já estão no Brasil;, diz o secretário municipal. O problema será levado hoje ao Ministério da Justiça pela Procuradoria da República no Acre.

A alimentação será comprada com parte do R$ 1,3 milhão liberado ontem pelo Ministério da Saúde. A pasta informou também que os recursos serão utilizados para fornecer cuidados médicos aos haitianos que se encontram no estado. O dinheiro será repassado mensalmente, em parcelas de aproximadamente R$ 108 mil, durante um ano, segundo a portaria assinada pelo ministro Alexandre Padilha.