Após reunião de bancada feita no gabinete do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que contou com a presença do líder, ficou decidido que, a partir de fevereiro, todas as decisões tomadas por Renan deverão passar por uma votação prévia. Entram na lista de reivindicação dos insatisfeitos questões como a escolha dos indicados para as comissões temáticas da Casa ou as relatorias de projetos de interesse dos senadores. ;A forma colegiada divide a responsabilidade, estimulando o debate dentro do partido, e amplia a democracia interna, que não estava havendo;, explicou ao Correio o senador Ricardo Ferraço (ES).
O estopim do racha entre os grupos veio à tona logo após Renan indicar para a segunda-vice presidência do Senado o colega Waldemir Moka (MS). O peemedebista assumiu a cadeira no lugar de Wilson Santiago (PB), que deixou o posto de senador após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a vaga era de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), barrado inicialmente pela Lei da Ficha Limpa. No entendimento do Supremo, as regras de inelegibilidade previstas na lei não valem para o último pleito, realizado em outubro de 2010.
Na análise de alguns integrantes do grupo de insatisfeitos, o convite de Renan a Moka foi estratégico, uma vez que o colega também era considerado, até então, integrante da banda dos descontentes. ;O problema não foi a indicação do Moka em si, que é uma pessoa admirável e reúne capacidades para o posto. O problema é que ficamos sabendo da indicação pelos jornais;, queixou-se Ricardo Ferraço. ;Não acho que indicar seja alguma forma de crime, mas não vamos mais aceitar essa ideia de uma indicação da qual não fazemos parte;, endossou Roberto Requião (PMDB-PR).
Reforço
Apesar da tentativa de diluir o poder de Renan, o senador terá o apoio reforçado, com a chegada de Jader Barbalho (PA). Jader tomou posse no mês passado, em pleno período de férias. O paraense assumiu o posto no lugar de Marinor Brito (PSol-PA). Assim como Cássio Cunha Lima, o político paraense foi beneficiado pela decisão do STF sobre a Lei da Ficha Limpa.
Embora seja considerado de perfil independente, Jader chega para somar ao grupo comandado por Sarney e Renan. Antes mesmo de tomar posse, ele já transitava ao lado dos dois caciques do PMDB nas celebrações de fim de ano em Brasília.