A concentração dos repasses de recursos federais aos estados de origem dos titulares do Ministério da Integração Nacional é um problema antigo da pasta. Baiano e peemedebista, o ex-ministro Geddel Vieira Lima destinou quase a metade da verba disponível para investimento na pasta para seu estado em 2009, quando esteve no comando do ministério. Dos R$ 255 milhões que foram distribuídos entre municípios baianos naquele ano, 87,8% caíram nos cofres de prefeituras do PMDB, de acordo com levantamento divulgado pela ONG Contas Abertas.
;A existência de um histórico de problemas dessa ordem só reforça a impressão de que os mecanismos de fiscalização do governo não funcionam ou não são levados em consideração pelo Planalto;, critica o professor de Administração Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF) Cláudio Gurgel.
Falhas
Na avaliação de Gurgel, a Casa Civil, pasta que tem entre suas atribuições a avaliação e o monitoramento das ações distribuídas entre os ministérios, tem falhado ao cumprir suas funções. ;Era possível antes atribuir as falhas aos órgãos que cometiam irregularidades. Se as informações sobre a aplicação de recursos estão ao alcance da imprensa, certamente também estão disponíveis para o governo;, argumenta Gurgel.
[SAIBAMAIS]O critério político utilizado na distribuição de cargos do primeiro escalão do governo é outro fator tido por especialistas em administração pública como a origem de distorções observadas na Integração Nacional, que teve 90% do orçamento para prevenção e preparação de desastres naturais destinados a Pernambuco, estado do ministro Fernando Bezerra. ;Criou-se essa convenção de distribuir cargos no governo federal segundo a influência regional ou a força política dos aliados;, diz o professor de finanças públicas da UnB Roberto Piscitelli. ;Só que quem pleiteia um ministério, muitas vezes o faz por motivos políticos e financeiros. O problema da Integração Nacional é uma consequência natural disso.;
Para Piscitelli, falta ao governo instrumentos rigorosos de planejamento e de controle da aplicação de recursos federais. ;O sistema de fiscalização do governo só pega a fratura exposta, só age depois dos escândalos;, observa. Para Cláudio Gurgel, a presidente Dilma Rousseff tem se beneficiado politicamente da imagem da ;faxina; em relação aos escândalos que já derrubaram seis ministros. ;Um governante não pode comandar uma equipe que está o tempo todo o surpreendendo com problemas e passar ileso. Os problemas nos ministérios vão acabar provocando desgaste na imagem de Dilma;, avalia.