Depois de ter sido presa provisoriamente, acusada de desviar pelo menos R$ 5,5 milhões em depósitos judiciais somente este ano, a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Márcia de Fátima Pereira e Silva Vieira pode ter os planos de fim de ano definitivamente interrompidos. A Polícia Federal requisitou pedido de prisão preventiva para a servidora da 2; Vara e para o marido, José Aílton, que estão detidos desde a manhã da última segunda-feira, em função da Operação Perfídia. Os dois deverão passar a noite de Natal na prisão da Superintendência da Polícia Federal, sem prazo para deixar o local. Márcia é acusada de peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistemas de informática. Somadas, as penas podem chegar a 20 anos de prisão. A mãe da servidora, Maria Pereira, e os irmãos Maurício e Márcio Pereira, que também haviam sido presos, foram liberados na noite de quinta-feira. Segundo a delegada que apura o esquema criminoso, Fernanda Oliveira, manter a acusada presa é essencial para a continuidade das investigações.
Na última semana, o trabalho esteve focado em ouvir parte das cerca de 20 pessoas apontadas como ;laranjas; no esquema. Os familiares presos também foram ouvidos diversas vezes, e já com a presença do advogado nos depoimentos. A fraude conduzida pela servidora consistia em realizar transferências de valores vinculados a processos que tramitavam em duas varas da Justiça do Trabalho do Distrito Federal para contas de beneficiários ilegítimos. Márcia de Fátima é servidora da Prefeitura de Luziânia, mas foi cedida para o TRT em 2002. O tribunal informou que enviou um ofício para a Prefeitura de Luziânia sobre as investigações ; cabe à prefeitura abrir um processo administrativo que poderá acarretar na exoneração da servidora. A reportagem entrou em contato com a prefeitura, mas não obteve resposta.
O presidente do TRT, Ricardo Alencar Machado, informou que uma sindicância interna que investiga o caso está sendo conduzida, mas ainda não tem uma conclusão. Márcia de Fátima tinha autorização para administrar depósitos judiciais desde 2006. Assim, o montante total desviado pela servidora pode ser maior do que o já divulgado. A Caixa Econômica Federal se comprometeu a enviar para o tribunal, na próxima semana, dados de movimentações financeiras vinculados à 2; Vara dos últimos cinco anos.