Um dia após anunciar que os idosos terão direito a meia-entrada na Copa de 2014, o relator da proposta na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), afirmou ao Correio que vai voltar atrás na decisão. O deputado pretende bater de frente com a posição do governo, que defende que a manutenção do Estatuto do Idoso. De acordo com o estatuto, as pessoas com mais de 60 anos têm direito a pagar a metade do preço dos ingressos de qualquer evento cultural e esportivo em todo o país, o que teoricamente inclui os jogos do Mundial.
O relatório de Cândido estava previsto para ser votado na manhã de hoje na comissão especial que trata do tema, mas, após o acordo, ficou decidido que a discussão será retomada apenas na próxima terça-feira, dia 20. Até lá, o deputado manterá conversas com integrantes do governo na tentativa de convencê-los de que a melhor saída é manter o texto anterior do projeto, que coincide com o que defende a Federação Internacional de Futebol (Fifa). A proposta da entidade ; e agora do relator ; elimina o uso da meia-entrada e em contrapartida cria um grupo de ;ingressos populares;. Também conhecidos como categoria 4, esses ingressos seriam acessíveis aos idosos e a outras pessoas. O valor de cada entrada dessa categoria é estimado em US$ 25.
Para Cândido, essa alternativa é mais vantajosa economicamente para o público. ;A posição do Palácio do Planalto penaliza os idosos;, disse. A explicação é que, se essas pessoas não tiverem acesso aos ingressos populares, terão de pagar a meia-entrada das categorias 2 e 3, em que o valor médio dos ingressos é de R$ 700. ;Eles deixam de poder comprar a US$ 25 para comprar a US$ 350;, justificou o parlamentar. Mas quem comprar ingressos das categorias 2 e 3 terá acesso a lugares melhores nos estádios do que os que comprarem na categoria 4 ; e a Fifa não quer vender esses ingressos nobres com desconto.
Deverão ser disponibilizados 300 mil ingressos populares. Desse total, 50% devem ser divididos entre estudantes e idosos. De 30% a 35% seriam destinados para pessoas que fazem parte dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. E de 15% a 20% para os indígenas. Entre 10 a 30 mil ingressos também deverão ser trocados por armas.
Em razão das idas e vindas na elaboração do texto do projeto, integrantes da Comissão Especial ouvidos pelo Correio não descartam adiar a votação da proposta para o próximo ano.
Além da eliminação da meia-entrada, integrantes do governo reclamaram da iniciativa do deputado em colocar no texto a possibilidade de uso de aeroportos militares durante os jogos do Mundial. A queixa foi a de que essa iniciativa seria um atestado de que os aeroportos civis não ficarão prontos até os jogos.