Estrela do lançamento do ;Espaço Democrático;, órgão responsável pela formação política na estrutura do PSD, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles desenhou na quarta-feira (7) um cenário róseo para a economia brasileira no próximo ano, mantendo o discurso afinado com o Palácio do Planalto.
Segundo Meirelles, o país possui instrumentos suficientes para enfrentar a crise econômica que atinge a zona do euro. ;Existe o risco de recessão mais profunda em nossa economia, mas o Brasil tem todas as condições de enfrentá-la com o crescimento do mercado interno;, afirmou o ex-presidente do BC, durante o evento no Hotel Royal Tulip, em Brasília. ;Precisamos aproveitar as oportunidades que se apresentam na questão dos investimentos. Hoje, todos os países querem ser parceiros do Brasil;, atestou.
O discurso de Meirelles deu o tom da relação desejada pelo partido com o governo federal. ;Ele é o nosso elo com o governo, uma ligação crucial entre um partido jovem e o poder já instalado;, definiu um integrante da cúpula da legenda que preferiu não ser identificado.
Apesar da bandeira da independência em relação à base de apoio da presidente Dilma no Congresso Nacional, as referências dos comandantes do PSD à ;fidelidade; da legenda ao governo foram frequentes no evento. ;A bancada federal deu uma demonstração de coerência ao apoiar a aprovação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) na Câmara, disse o presidente da sigla, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.;Sempre que houver afinamento com o programa do partido, a presidente Dilma poderá contar conosco nas votações do Congresso;.
Os galanteios à atual gestão federal superaram de longe as críticas, sempre suaves. Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), braço sindical do partido, Ricardo Patah teceu elogios à política de valorização do salário mínimo. ;Ela deverá ser sempre intensificada;, disse o sindicalista, que alfinetou de leve a carga tributária e discordou da visão geral da sigla, ao avaliar que a crise econômica terá grande impacto sobre o país, no próximo ano.
Enquete
A queixa de Patah foi exceção. Em uma enquete rápida, realizada por mensagem de celular durante o evento, 55% dos participantes do evento disseram acreditar que a crise atingirá pouco o país em 2012. As notícias de estagnação no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano devem ser lidas como um mal passageiro, segundo a avaliação de Meirelles. ;A perspectiva é de retomada do crescimento nos próximos meses;, vaticinou o antigo homem forte da equipe econômica do governo Lula, elogiando o crescimento da classe média e o que considerou ser ;o nível de desemprego mais baixo da história;.
Meirelles recomendou, contudo, maior investimento em competitividade, tanto pela esfera pública quanto pela iniciativa privada. E fez questão de citar, em seguida, o ;papel de destaque; que o partido poderá cumprir na discussão de soluções para o país.
Enquanto se dedica a demonstrar afinação com o governo federal, a legenda concentra esforços em garantir o fortalecimento do partido nas eleições de 2012 ; consideradas fundamentais para manter o PSD grande o suficiente para ser um parceiro sempre desejável pelo Palácio do Planalto. ;Todo partido nasce para tomar o poder. Nós nascemos para tomar o poder, e vamos tomá-lo pelo meio do voto;, resumiu Ricardo Patah.