O empresário e publicitário Marcos Valério foi transferido para Salvador no início da tarde desta sexta-feira. Durante a manhã ele foi preso em sua residência no Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, em uma operação da Polícia Civil da Bahia denominada ;Terra do Nunca;. Apesar de ser surpreendido por volta das 6h da manhã, Valério não demonstrou surpresa ao ser comunicado da presença dos policiais.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Denilson dos Reis Gomes, o publicitário agiu de maneira bastante tranquila. Ao ser informado que a polícia estava na porta de sua casa ele reagiu dizendo ;Ah tá, já sei;. Segundo o delegado, logo após a entrada dos polícias em sua residência Marcos Valério pediu para falar com seu advogado. ;Foi uma conversa bem rápida, objetiva;, afirmou. O único momento em que Marcos Valério se mostrou surpreso foi ao saber que a operação era comandada pela Polícia Civil baiana.
[SAIBAMAIS]O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público federal da Bahia (MPF-BA), que investiga casos de aquisição de terras de forma fraudulenta. Segundo a Justiça daquele estado, denúncias desde o ano de 2005 indicam que há envolvimento de 21 pessoas e prisão de 15 em Minas Gerais, São Paulo e na Bahia, entre advogados, latifundiários, empresários e servidores públicos.
Em BH, além de Valério, outras três pessoas que têm negócios com ele foram detidas e levadas para a Divisão de Enfrentamento ao Grande Roubo e Latrocínio (Degrel), no Bairro Carlos Prates. São eles: Ramon Cardoso, Francisco Marcos Castilho Santos e Margarete Freitas. De acordo com o delegado de Polícia Civil do interior da Bahia, Adaílton Ádan, houve ameaças, formação de quadrilha e falsidade ideológica durante a atuação da quadrilha. "Eles adquiriram terrenos que muitas vezes não existiam e criaram matrículas (da aquisição dessas terras) de forma fraudulenta, com a participação de funcionários públicos em cartórios de Registro Gerais de Imóveis e de Tabelionato de Notas", explica o delegado. Ainda segundo Ádan, os terrenos comprados pela quadrilha foram usados como garantia para pedido de empréstimos.
As investigações do MP revelam que essas matrículas falsas de imóveis inexistentes e da União tinham como função garantir dívidas das empresas de Marcos Valério. Segundo o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, o mandado de prisão foi expedido por um juiz da Comarca de São Desidério, no oeste da Bahia. "Não tivemos acesso ao processo nem à decisão, mas foram expedidos quatro mandados de prisão que foram cumpridos por policiais civis de lá em parceria com os daqui", afirma a defesa.