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Politica

Em audiência no Senado, Carlos Lupi mudou o discurso do desafiador

Pedro Taques (PDT-MT), senador" />
Em uma semana, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mudou o discurso do desafiador ;nem à bala; para o argumento de que seu exagero nas palavras ;é fruto de quem veio de muito baixo, começou a trabalhar muito jovem e perdeu o pai muito novo;. Mas nem mesmo a recente mansidão de espírito do ministro conseguiu convencer os senadores da oposição e seus próprios colegas pedetistas de que ele não mentiu na audiência da Câmara, realizada no dia 10, quando disse que não tinha ;nenhuma relação com Adair (Meira); e que nunca andou ;em aeronave pessoal dele nem de ninguém.;

Menos de uma semana depois da audiência, fotos e vídeo do ministro saindo do avião foram divulgados. Para se explicar, Lupi colocou a culpa na memória e desqualificou nota oficial divulgada pela sua assessoria negando ter utilizado a aeronave modelo King Air, providenciada por Meira, presidente da ONG Pró-Cerrado, entidade que mantém contratos de R$ 14 milhões com o ministério do Trabalho, em viagens no interior do Maranhão em 2009. ;Eu não sou um ser humano que tem uma memória absoluta. Eu tenho uma memória boa, mas ela falha. São muitos compromissos.;

Em vez dos prometidos documentos que comprovariam sua ;inocência;, Lupi levou à Comissão de Assuntos Sociais do Senado apenas uma degravação ; que apresentou como notas taquigráficas ; de suas falas em audiência na Câmara. O ministro sustentou que as declarações foram tiradas de contexto, pois quando afirmou que ;não tinha relações; com Adair Meira, referia-se a proximidade pessoal. ;Eu disse que não tenho relações, o que é diferente de conhecer a pessoa.;

Durante as três horas de depoimento, o ministro admitiu ter viajado no avião providenciado pelo presidente da ONG, mas transferiu a responsabilidade pelo pagamento do aluguel do jatinho a Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas do Emprego e ex-dirigente regional do PDT do Distrito Federal. Foi Ezequiel quem confirmou à revista Veja que o ministro havia viajado no jatinho. ;Quem tem que explicar o pagamento dessa aeronave não sou eu. Eu fui de carona do Ezequiel. Como ele pagou, de que maneira ele pagou compete à companhia aérea falar e compete ao Ezequiel falar. Eu não sei. Eu não tenho obrigação de saber. Eu não pedi aeronave, eu não solicitei aeronave.;

Durante a sessão, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) protocolou requerimento pedindo cópia da prestação de contas do convênio da ONG Pró-Cerrado com o Ministério do Trabalho. ;Recebi uma denúncia muito consistente de que a nota que pagou a viagem desse avião está na prestação de contas deste convênio.;

Na audiência, Lupi não contou com a blindagem da bancada governista para livrá-lo da artilharia dos senadores da oposição. De seu próprio partido, o ministro só encontrou palavras de apoio no discurso o líder da legenda no Senado, Acir Gurgacz (RO). Pedro Taques (PDT-MT), por sua vez, afirmou que o correligionário não tinha condições de permanecer no cargo. ;Em instâncias como a Polícia Federal, a presunção de inocência é fundamental, mas quando se fala em política, fala-se em confiança. Entendo que o PDT deva se afastar, porque não tem mais a confiança da sociedade brasileira nesse ministério. Nós do PDT devemos nos apear do ministério.;


32 parlamentares
O PDT conta com 27 deputados e cinco senadores, bancada parlamentar que é duas vezes maior do a do PCdoB, partido do ex-ministro Orlando Silva, último a ser substituído na Esplanada. O peso do PDT, que além de grande numericamente é a legenda de origem da presidente Dilma Rousseff, é um complicador da crise instalada no Ministério do Trabalho.