Também será o primeiro encontro após o acirramento na queda de braço entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol. Os dois lados disputam uma guerra de bastidores em torno da meia-entrada para idosos e estudantes ; a Fifa até concordou em ceder no primeiro caso, mas não abre mão no segundo; venda de bebidas alcoolicas nos estádios; pena para quem piratear produtos com a marca Fifa; entre outros pontos.
A agenda pode ser pública, mas as partes envolvidas foram cautelosas ao divulgar o que será tratado nos encontros. Aldo Rebelo pediu para examinar todos os processos em andamento na pasta. Procurado pelo Correio, avisou, pela assessoria, que a ;bola está no Congresso, com a votação da Lei Geral da Copa;. E que nesse primeiro momento, a prioridade é escolher a sua equipe no ministério. ;Se eu estivesse procurando alguém para o primeiro emprego, seria mais fácil. Mas preencher as vagas no ministério requer pessoas mais experientes e isso dá mais trabalho;, brincou ele.
Na semana passada, alguns integrantes da Comissão Geral da Copa da Câmara dos Deputados chegaram a sugerir que Aldo também participasse da audiência pública na Casa. A tropa de choque agiu rápido afirmando que, publicamente, as posições do governo sobre a Lei Geral já haviam sido expressas pelo, na época, ministro Orlando Silva, na malfadada audiência realizada na véspera de sua exoneração. Com isso, o atual ministro só terá como agenda oficial ao lado de Valcke o almoço na residência oficial de Marco Maia.
Procurada pelo Correio, a assessoria da Fifa foi lacônica ao afirmar que ;Jerôme Valcke, secretário-geral da Fifa, participará de reuniões com o governo brasileiro em Brasília entre 7 e 8 de novembro. Entre outros compromissos, Valcke também se encontrará com o ministro Aldo Rebelo para dar continuidade à preparação conjunta da Copa das Confederações da Fifa 2013 e da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014;.
Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, contudo, Valcke foi duro ao dizer que ;o Brasil não vai vencer a Fifa;. Na mesma entrevista, disse que espera que, a partir de agora, se avance para uma segunda etapa no processo de preparação da Copa. ;A mensagem é que já fizemos concessões em várias áreas. Espero que possamos compartilhar o sentimento de que chegou o momento de fazer avançar a preparação e não falar mais de leis e regulamentos, que agora devem ser aprovados e assinados.;
A situação não está tão pacificada assim. A presidente Dilma Rousseff tem dado repetidos sinais de que não vai aceitar que a soberania e a legislação nacional sejam desrespeitadas apenas para que a Copa de 2014 seja realizada no Brasil. Disse isso claramente no discurso pronunciado durante a posse de Aldo Rebelo, na última segunda-feira. Aldo entendeu o recado e respondeu às críticas feitas por Valcke. ;Não queremos confronto com a Fifa, mas não queremos submissão;, declarou Aldo.
Um que tem tentado distensionar as relações é Ricardo Teixeira. Escanteado pela presidente Dilma Rousseff, que não o citou nominalmente entre os presentes na posse de Aldo, o dirigente máximo da CBF, afundado em denúncias de corrupção, entrou na fila de cumprimentos ao novo ministro do Esporte. Ao abraçá-lo, disse-lhe: ;Pode contar comigo para tudo o que precisar;, ouvindo, como resposta, um protocolar ;muito obrigado;.
Relator da Lei Geral da Copa no Congresso, o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que raramente se furta a conceder entrevistas sobre o parecer que formula, preferiu o silêncio. Disse que muitas matérias sobre a Lei Geral da Copa e os enfrentamentos com a Fifa foram divulgadas nas últimas semanas e preferia aguardar para ver, pessoalmente, os questionamentos e as ponderações que serão feitos pelo secretário-geral da entidade.
O presidente da Comissão Geral, deputado Renan Filho (PMDB-AL), torce para que as dificuldades sejam vencidas o mais rapidamente possível. Ele lembra que a Fifa já concordou com a meia-entrada para os idosos e que, apesar da resistência quanto à extensão do benefício também para os estudantes, avança-se no sentido do estabelecimento de uma cota, que pode ser de 15% a 20%, na carga máxima dos ingressos para ser vendidos com essas características. ;A Fifa tem sido aberta as essas questões e não há risco de o Brasil perder (o direito de sediar) a Copa;, assegurou. ;Vamos assegurar os direitos da Fifa e eles vão respeitar a nossa soberania;, apostou Renan Filho.