O câncer na laringe, diagnosticado no sábado (29/10) no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorre predominantemente em homens e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e do pescoço de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O câncer na laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área. Lula será tratado inicialmente com sessões de quimioterapia e, segundo os médicos, a doença está no início e é curável. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o câncer é a segunda principal causa de mortes em todo o mundo ; perde apenas para doenças cardiovasculares.
Ainda conforme o Inca, 80% de todos os tumores malignos estão associados aos fatores ambientais. Nessa categoria, incluem-se estilo de vida e de alimentação, além da exposição a substâncias carcinogênicas, como determinados produtos químicos, qualidade da água e nível de poluição do ar. A região metropolitana de São Paulo, onde Lula mora, e na qual passou boa parte da vida, registrou nos primeiros sete meses de 2011 um aumento de 146% no número de dias com qualidade do ar imprópria, comparando-se a 2008. De acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, durante 37 dias, o ar ficou impróprio, com limite de poluição acima do aceitável.
O oncologista Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília e chefe do serviço de Oncologia Clínica do Hospital Universitário de Brasília (HUB), explica que a poluição atmosférica pode contribuir para o surgimento dos tumores malignos, mas lembra que é difícil mensurar o papel desse fator. ;A poluição é um problema. Mas, como as pessoas também fumam, bebem e se alimentam mal, não se sabe se, sozinha, a poluição aumenta os riscos, ou apenas quando associada a outros fatores;, diz. Além disso, segundo a publicação Incidência de câncer no Brasil, do Inca, não há estatísticas apontando que, em São Paulo, os casos de câncer de cabeça e pescoço (lábio, língua, gengiva, palato, parótida, amígdala, faringe e laringe, entre outros), além de pulmão, sejam significativamente maiores que no restante do país.
Já o cigarro e a bebida podem ser responsabilizados diretamente pelo surgimento de tumores. Segundo o Inca, o consumo de tabaco e álcool aumenta 43 vezes o risco de se desenvolver câncer de laringe. ;A nicotina é uma substância carcinogênica, que provoca danos nas células, acontecendo a proliferação não controlada delas. Nos cânceres de cabeça e pescoço, a maior parte dos casos está relacionada ao estilo de vida;, comenta Daniele Assad, oncologista do Hospital Universitário de Brasília.
A bebida, afirma Andrew L. Waterhouse, professor da Universidade da Califórnia e coautor de um estudo sobre álcool e mortalidade por câncer nos Estados Unidos, também está relacionada diretamente aos tumores malignos. ;Descobrimos que, quando se diminui a quantidade de doses ingeridas de três para uma ou nenhuma por dia, o número de morte por câncer cai 22%;, diz.
Tratamento
Para combater o crescimento desordenado das células, os médicos contam com um arsenal de tratamentos. A localização e o estágio do tumor definem qual a melhor abordagem. No caso dos cânceres de cabeça e pescoço, a quimoterapia costuma responder muito bem, associada à radioterapia. A oncologista Daniele Assad explica que o objetivo da quimio e da rádio é o mesmo: destruir as células malignas e evitar que se transformem em tumores.
[SAIBAMAIS]Andréa Arredondo Farias, da clínica Oncovida, conta que tumores e cabeça e pescoço são bastante sensíveis a esse tratamento, com uma excelente resposta para o paciente. ;Antes, ou só se operava ou se fazia rádio. Hoje, primeiro se faz a químio para potencializar os efeitos da radiação. Uma abordagem ajuda a outra na resposta do tumor. Se a resposta for completa, não há necessidade de operar;, diz