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Procura-se apoio à reforma política e Lula cancela participação em ato

Ciente da falta de acordo em torno da proposta de reforma política elaborada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), o ex-presidente Lula preferiu manter distância do ato em apoio à proposta, previsto para a tarde de hoje, na Câmara. Integrantes da comissão especial discordam de vários pontos do texto final proposto pelo parlamentar e dificilmente a matéria será aprovada pelo colegiado sem que emendas desfigurem o projeto. Diante do impasse, Lula decidiu não vir a Brasília.

Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, a alegação oficial é de que ele está ;indisposto; em razão da viagem internacional feita na última semana, quando percorreu dois continentes e quatro países. Detalhe: Lula embarca para Nova York amanhã. No ato, previsto para começar às 15h, Fontana debaterá trechos do relatório da reforma política com representantes dos partidos da base e entidades de classe. As mudanças nas regras eleitorais colocadas no texto de Fontana devem começar a ser discutidas na comissão especial amanhã.

O clima no colegiado, no entanto, é totalmente desfavorável ao relatório. O principal foco de discussão se concentra no financiamento público de campanha e no sistema de votação. ;Está um caos. Se percebe nas reuniões que não há consenso em nenhum dos pontos. Apesar do périplo do relator, vou ficar surpresa se essa proposta passar na comissão;, avalia a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), integrante da comissão.

Doações
Em relação ao financiamento público, Fontana criou uma brecha para que as empresas privadas também pudessem fazer doações. Nesse caso, o dinheiro seria repassado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável por distribuir o recurso aos candidatos dentro de um critério de equidade. A ideia recebe uma saraivada de críticas. ;Isso só vai funcionar para quem acredita em Papai Noel. É brincadeira;, dispara o deputado Mendes Thame (PSDB-SP). ;Imagina a confusão. Qual critério de divisão seria usado? Como isso seria fiscalizado?;, ponderou o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ).

[SAIBAMAIS]As críticas ao texto também se estendem aos integrantes da comissão especial que fazem parte da base. ;Só vejo consenso naquilo que não está no relatório dele, que é a unificação das eleições a partir de 2018. Muitos não aceitam o financiamento público de campanha. E os que aceitam, discordam do jeito que ele está previsto;, ressalta o presidente do colegiado, Almeida Lima (PMDB-SE).

Para o representante do PR na comissão, Luciano Castro (RR), o texto favorece apenas o PT, partido de Fontana. ;Há divergência em quase tudo. O sistema misto e proporcional é confuso e fortalece apenas o PT. Estão criando a possibilidade de se votar no partido, e, hoje, só o PT tem uma militância histórica. Diferente de outras legendas;, criticou o deputado.

Em meio ao ;caos;, há ainda parlamentares que defendem a necessidade de as propostas passarem pelo crivo da sociedade antes de serem aplicadas. ;Defendo um plebiscito para saber se o povo quer ou não perder o direito de escolher o candidato;, explicou Miro Teixeira (PDT-RJ).