A demora no oferecimento da denúncia do mensalão do DEM, segundo os advogados dos envolvidos, serve para mostrar que o Ministério Público Federal não têm provas contra seus clientes. Eles temem que o MP assuma uma postura %u201Cdenuncista%u201D apenas para respaldar as acusações que surgiram no início do inquérito, que completou dois anos de tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no sábado (24/9).
Para Nélio Machado, advogado do ex-governador José Roberto Arruda, o caso é inconsistente e não há provas contra seu cliente. %u201CQuem sabe não foi por isso que até hoje não teve denúncia. Houve uma prisão desnecessária, abusiva e ilegal e tinha que ter prova. Se vier agora, está atrasada um ano e oito meses%u201D, afirma o advogado. Arruda foi preso em 2010, sob acusações de tentativa de suborno de testemunhas.
[SAIBAMAIS]Para Machado, o MP não tem que fazer denúncia a qualquer preço, apenas para confirmar o início atribulado das investigações. "É possível que o MP tenha a grandeza e a sensibilidade de não fazer acusação por fazer. Louvo a demora neste momento. É melhor que se reserve cuidado, do que fazer [a denúncia] pelo açodamento".
O trabalho do Ministério Público também é visto com desconfiança pelo advogado do ex-governador Paulo Octávio, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay. Ele afirma que a Polícia Federal não encontrou qualquer indício contra seu cliente, e que não há por que o Ministério Público acusá-lo na denúncia que chegará ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
%u201CAcho que o Ministério Público agiu de forma tão leviana e irresponsável durante dois anos, em que não concluiu nada, que não terá dignidade de pedir a absolvição. Pode ser que denuncie só para justificar o gravame que ele já fez em relação a algumas pessoas, inclusive ao Paulo Octávio%u201D, afirma Kakay. Ele defende ainda que uma investigação longa também já é uma forma de condenação, e que a sociedade tem direito de ter respostas para perguntas não esclarecidas.
A advogada do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, Margareth Almeida, afirma que seu cliente, delator do esquema, não está frustrado com a demora no encaminhamento da denúncia. %u201CA gente sabe que devido às condições das pessoas envolvidas, o Estado dificilmente conseguiria alcançar todos os fatos que ele relatou sem a delação, e sempre com provas. É natural que, após esse momento, haja investigação para se buscar mais, para o Estado estar mais seguro.%u201D
Apesar de os termos do acordo de delação serem sigilosos, a advogada afirma que seu cliente está confiante na absolvição. %u201CNão existe outra alternativa, senão o perdão judicial%u201D, prevê.