Em dois terços das 55 cidades brasileiras em que petistas e tucanos dividem o comando das prefeituras, a aliança será reeditada nas eleições do ano que vem. São municípios com menos de 150 mil eleitores, exatamente os excluídos da decisão tomada no 4º Congresso Nacional do PT que proíbe a participação de candidatos a prefeito ou vice em chapas em que participam PSDB, DEM e PPS. Nessas cidades, de uma forma geral, tucanos e petistas governam sem as refregas que embalam a polarização nacional.
É o que ocorre nas cidades mineiras de Ubá, Leme do Prado, São Félix de Minas, Belo Oriente, Bocaiúva e Mendes Pimentel; além de Castelo, no Espírito Santo; Pombal, na Paraíba; e Candiota e Sapiranga, ambas no Rio Grande do Sul. Uma amostragem realizada com prefeitos de 15 municípios que elegeram em 2008 as chapas híbridas demonstra que duas em cada três cidades querem repetir as alianças consideradas %u201Cpolêmicas%u201D, sob a perspectiva da política nacional. Em alguns casos, como em Itamonte e em Recreio, ambas cidades mineiras das regiões Sul e Zona da Mata, os prefeitos, já em seu segundo mandato consecutivo, apoiarão a chapa encabeçada pelos vices de modo a permitir que os partidos se revezem no poder.
Itamonte, com 10.428 eleitores, é governada há sete anos por um prefeito tucano e um vice petista. Não apenas o processo decisório no âmbito administrativo é partilhado. Também a composição do governo e os apoiamentos eleitorais são racionalmente decididos. Bem longe do embate nacional, o prefeito Marcos Tridon de Carvalho (PSDB) e o vice, Ari Pinto (PT), nas eleições gerais do ano passado optaram não só pelo apoio em bloco às candidaturas de Dilma Rousseff (PT) e de Antônio Anastasia (PSDB), como também dividiram entre o PT e o
PSDB a sustentação aos candidatos a deputado federal. %u201CAqui dá certo porque não tem disputa, dividimos as responsabilidades. O governo é nosso%u201D, afirma Tridon, que, para o ano que vem, cederá ao PT a %u201Ccabeça%u201D da chapa.
Já em Recreio, o prefeito Fernando de Almeida Coimbra (PT), no segundo mandato consecutivo, trabalha pela manutenção da coligação com o PSDB. A sua vice, Daniela Cerqueira Cardoso (PSDB), só não terá o seu apoio para encabeçar a chapa se não quiser. %u201CO compromisso é com ela. O PT indicaria o vice%u201D, afirma Coimbra.